Futebol

Cantos homofóbicos em jogo do Cruzeiro: entenda a polêmica e os desdobramentos para o time

Pâmela Dias

Durante jogo contra o Grêmio, o Cruzeiro foi denunciado por cantos homofóbicos e corria o risco de perder até mesmo pontos na série B, entenda o caso.


Entenda o caso de homofobia

Durante o jogo ocorrido no dia 8 de maio, pela sexta rodada da Série B, no Independência entre Cruzeiro e Grêmio, cantos homofóbicos foram disparados por parte da torcida azul. Segundo o O Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), conforme a notícia de infração do Grêmio, o clube delatou que torcedores do Cruzeiro cantaram: “Arerê, Gaúcho dá o c* e fala tchê“. Já o Cruzeiro acusou a ação de torcedores do Grêmio que o cântico em coro: “Maria joga vôlei“.

Nessa polêmica, o clube foi denunciado no artigo 243-G, parágrafos 1º e 2º, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), sobre “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.

A transação disciplinar é uma alternativa judicial em que denunciado, Cruzeiro, e Procuradoria, quem fez a denúncia, buscam um acordo sobre qual a punição adequada. Se houver consenso entre as ambas as partes, a penalização será aplicada automaticamente. Se não houver, o caso retorna à votação na Comissão Disciplinar do STJD.

Com a denúncia, o clube arriscava ser punido inclusive com a perda de três pontos ou com multa de R$ 100 a R$ 100 mil. A transação disciplinar, de acordo com as partes e homologada pelo STJD, faz com que a punição do clube seria por meio de cumprimento de medida social contra a homofobia e o pagamento de 30 mil reais.
O Grêmio também seria julgado no mês passado por conta de um canto homofóbico.

Torcida do Cruzeiro em estádio.

Acordo entre o time e o O Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD) 

O valor da transação proposta pela Procuradoria terá dois destinos: o  primeiro, de R$ 15 mil, será destinado a causas sociais, enquanto o segundo, também de R$ 15 mil, será pago à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O Cruzeiro terá até 30 dias para o pagamento da da “punição” e realização de todas as ações conscientizadores promulgadas, afinal, além da multa financeira, o Cruzeiro terá que adotar medidas de caráter educativo e discriminatório. São elas:

  • Uso de braçadeira de capitão e de bandeirinhas de escanteio nas cores do arco-íris;
  • Publicação de cartilha educativa de combate a LGBTFobia nas redes sociais;
  • Publicação no site oficial sobre o ‘Orgulho LGBT’;
  • Reunião com as torcidas organizadas para conscientização sobre cânticos homofóbicos. 
  • Exibição de um jogador ou jogadora da equipe no telão do estádio antes do início do jogo e nos intervalos. O conteúdo das mensagens será de conscientização contra a discriminação e intolerância de qualquer natureza. 

Contudo, a sorte do time foi não perder os três pontos ameaçados mesmo após acordo com a Procuradoria. No entanto, com a homologação da transação disciplinar, o time mineiro se livrou da pena desportiva. 

Cumprimentos das penas e a importância da conscientização nos estádios 

O Cruzeiro cumpriu parte das ações exigidas pela Procuradoria contra a LGBTfobia. No dia 8 de junho, no jogo contra o CRB, no Mineirão, as bandeirinhas de escanteio e a braçadeira de capitão tiveram as cores do arco-íris, que representa o grupo LGBTQIAP+. 

Além disso, foram feitos posts nas redes sociais onde afirmaram: “Durante o mês de junho, fortalecendo o mês do orgulho LGBTQIAP , as bandeirinhas de escanteio dos jogos com nosso mando, e também braçadeira do capitão, terão as cores do arco-íris. Ou lutamos contra a LGBTfobia ou somos parte do problema!

Muitos torcedores reclamaram das ações, afirmando ser um tipo de “lacração” do clube, contudo, precisamos ter em mente que brincadeiras normalizam a discriminação, que mata milhares de pessoas ao redor do mundo. O respeito deve ser a prioridade de todos no campo e nos estádios e nós apoiamos essa ideia. 

Desejamos boa sorte para o Cruzeiro nesse momento e um abraço a todos torcedores LBGTs que lutam pelo seu espaço pro futebol que, na verdade, é um espaço de todos.

Pâmela Dias

Apaixonada por futebol desde criança, hoje tenho a oportunidade de escrever sobre ele. Gosto de ver jogos em bares, usar meu boné da sorte e vibrar quando um gol é feito. Sou atleticana de coração.
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