Sócrates e o dia do fico.
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Sócrates e o “dia do fico”

Doutor Sócrates condicionou o futuro de sua carreira à emenda constitucional Dante de Oliveira. Todavia, o dia do fico não aconteceu como o esperado.


Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Ídolo para muitos dentro e fora de campo, o paraense criado em Ribeirão Preto fez história no Corinthians e na luta política. Uma das maiores referências contra a ditadura militar brasileira no futebol, Sócrates foi um personagem importante na democracia Corinthiana.

Entretanto, vestido de Dom Pedro I em uma entrevista para a revista Placar, o craque esperava ter o seu “dia do fico” também. O Dia do Fico é uma referência ao dia 9 de janeiro de 1822, quando o então príncipe regente D. Pedro I declarou que não cumpriria as ordens das Cortes portuguesas, que exigiam sua volta a Portugal, ficando no Brasil.

Contudo, Sócrates esperava que a emenda constitucional Dante de Oliveira fosse aprovada, com isso, ele usou de sua idolatria como maior jogador atuando no Brasil na época, para dizer que se a emenda fosse aprovada, ele continuaria no país e consequentemente no Corinthians.

O dia do fico

"Se o Brasil mudar eu fico."
“Se o Brasil mudar eu fico.”, diz a capa da revista placar de 27/04/1984 com Sócrates vestido de D.Pedro I.

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Doutor Sócrates era tão envolvido com as questões políticas e sociais do Brasil, que realmente condicionou o futuro de sua carreira à aprovação da emenda constitucional.

Todavia, mesmo com o apelo do jogador e endossada pela campanha das Diretas Já, que se manifestava pelo Brasil, a proposição acabou derrubada pela Câmara dos Deputados, e o “dia do fico” do craque não aconteceu. Pouco tempo depois, ele foi embora para a Itália, jogar pela Fiorentina.

A emenda era uma esperança para a volta da democracia no país. Proposta por Dante de Oliveira, ela buscava o direito da população de votar e decidir diretamente o presidente e o vice presidente do país.

Desilusão

Desiludido e seduzido por uma boa proposta financeira, Sócrates viu na Itália uma espécie de refúgio. Cumpriu com sua palavra de uma forma triste, mas boa para sua carreira. Pelo menos uma delas. Sócrates ainda desejava exercer a medicina, uma de suas paixões que acabou não exercendo.

Depois de vestir a camisa viola, nunca mais voltou para o Corinthians, onde marcou 172 gols em 298 jogos, conquistando três títulos paulistas. Aos 35 anos, encerrou sua carreira de jogador e apostou no futuro como técnico, o que não deu muito certo.

Em dezembro de 2011, Sócrates faleceu aos 57 anos. No mesmo dia em que o Corinthians conquistou o pentacampeonato brasileiro. Contudo, sua dedicação como representante da luta do povo jamais será esquecida. Se não conseguiu o seu dia do fico com a emenda, conseguiu entretanto, o seu dia do fico na eternidade.

Daniel Dutra

Jornalista e fundador da PressFut. Também atua no SBT e na Rádio Tupi.
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