António Oliveira, técnico do Athletico. (José Tramontin/Athletico)
Futebol, Futebol Nacional

Técnico do Athletico consta como auxilar por causa de sua licença UEFA de treinador

Destaque nesse início de campeonato brasileiro, o Athletico Paranaense de António Oliveira é comandado na verdade, por Paulo Autuori. Pelo menos é o que diz a súmula dos jogos.


Embora esteja sempre comandando os jogos à beira do gramado, António Oliveira, técnico do Athletico Paranaense, consta na verdade, como auxiliar técnico de Paulo Autuori. Isso porque, o treinador é formado na Licença A da UEFA, que não é aceita pelas confederações sul-americanas. Nem pela CBF, nem pela Conmebol. Ou seja, António não pode assinar as súmulas dos jogos como técnico da equipe.

Dessa forma, o Athletico acaba fazendo uma gambiarra para ter o português como treinador. Até mesmo em entrevistas coletivas da Sul-Americana, é Paulo Autuori quem responde as perguntas. Caso queira tornar-se o treinador oficial do time, António Oliveira precisa se formar na Licença Pro da UEFA, ou em alguma sul-americana. Seja da CBF ou da AFA por exemplo. Mas enquanto não tem, o técnico está liberado pela CBF para participar oficialmente como técnico de torneios estaduais ou das categorias de base.

Caso isolado?

Campeão português, Rúben Amorim assinou os jogos como auxiliar técnico. Foto: Mário Vasa
Campeão português, Rúben Amorim assinou os jogos como auxiliar técnico. Foto: Mário Vasa

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Na verdade, esse problema não é algo raro e nem exclusivo do Brasil. Em Portugal, país do treinador, o Sporting sofreu diversos processos ao ser acusado de fraude por quem gere a liga portuguesa. O que intriga nesses processos, é que a própria organização do campeonato já sabia da ideia do Sporting em contar com Rúben Amorim como treinador. Mesmo assim, processou o clube após inscrevê-lo. Contudo, o clube conseguiu manter o técnico no cargo de “auxiliar” e venceram o campeonato.

Essas situações colocam em dúvida o sentido da regra. Se por um lado é proibido a efetivação de um técnico sem a licença máxima nas competições nacionais e internacionais, por que motivo deixam os clubes “burlarem” a regra? O caso do Sporting é o mais explícito, onde a confederação portuguesa sabia desde o início e depois processou a equipe. Ou seja, dessa forma, a regra parece apenas uma burocracia sem importância para o esporte.

A licença de António Oliveira

António Oliveira fazia parte da comissão técnica do Athletico e foi efetivado como treinador do time principal.| Foto: Albari Rosa/Foto Digital/UmDois Esportes/Gazeta do Povo
António Oliveira fazia parte da comissão técnica do Athletico e foi efetivado como treinador do time principal.| Foto: Albari Rosa/Foto Digital/UmDois Esportes/Gazeta do Povo

Voltando ao técnico do Athletico Paranaense, António Oliveira iria realizar o curso para conseguir a licença Pro da UEFA em 2020. Entretanto, com a chegada da pandemia da Covid-19, o treinador acabou não realizando o curso. Já esse ano, vivenciando pela primeira vez o calendário do futebol brasileiro, António está sem tempo para fazer o curso.

Para piorar, António “não pode” tirar a licença da CBF, pois tanto a UEFA, como a Conmebol, não permitem que se comece uma licença em uma confederação e termine em outra. Mas caso queira fazer isso, o treinador teria que começar do zero, passando por todos os processos da CBF Academy e se formar nas três licenças: B, A e Pro.

Todavia, também vale destacar que a atual licença do treinador (UEFA A), também não lhe dá o direito de dirigir equipes das elites europeias. Nem mesmo em Portugal. Portanto, não é uma exclusividade do nosso futebol.

Daniel Dutra

Jornalista e fundador da PressFut. Também atua no SBT e na Rádio Tupi.
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