Torcedoras: o dia a dia das mulheres nos estádios de futebol do Brasil.
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Torcedoras: pesquisa sobre o dia a dia das mulheres nos estádios de futebol do Brasil

Daniel Dutra
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Pesquisa acadêmica revela que mais de 75% das entrevistadas já sentiram medo ou receio de ir a um estádio de futebol. Apenas 34,4% não sofreram nenhum tipo de assédio ou preconceito. Entenda mais sobre o dia a dia das torcedoras nos estádios do Brasil.


A pesquisa teve por objetivo extrair e analisar alguns dados, com o intuito de entender como as mulheres que frequentam estádios de futebol, se sentem nesse ambiente predominantemente machista. Para isso, foram formuladas 9 perguntas para serem respondidas exclusivamente por mulheres que frequentam, ou já frequentaram algum estádio de futebol.

A faixa etária da pesquisa alcançou em maior quantidade, um público jovem de 18 a 34 anos e não foi obtido nenhum dado abaixo de 18 anos. Já as regiões do Brasil, mostraram um certo equilíbrio. Ainda assim, o sudeste, com a maior quantidade de torcedores e de times considerados “grandes” foi o que mais esteve presente.

Torcedoras: a pesquisa em números

Torcedoras do Atlético participaram de campanha.DIVULGAÇÃO
Torcedoras do Atlético participaram de campanha contra a violência às mulheres em 2018. DIVULGAÇÃO
Presença nos estádios

Nessa pesquisa, apenas quem já foi a um estádio pôde responder. Portanto, ao indagar se elas costumam ir aos jogos sozinhas ou acompanhadas, 83,6% responderam que vão acompanhadas. Ao serem perguntadas se já foram sozinhas alguma vez, apenas 41% responderam que sim.

Para entender a consistência delas nos estádios, a frequência foi dividida da seguinte forma:

  • Maioria dos jogos do meu time (49,2%)
  • Maioria dos jogos de um campeonato (9,8%)
  • Jogos mais relevantes (16,4%)
  • Esporadicamente (24,6%)

De acordo com os dados obtidos, percebe-se que existe uma tendência em assistir apenas aos jogos de seus times. O que é o mais comum no futebol. Contudo, não é uma regra.

O dia a dia nos estádios

Conhecendo um pouco mais da preferência das torcedoras, foi a vez de entender mais de perto os sentimentos e costumes. Para isso, duas perguntas sobre o comportamento delas. Primeiro, foi perguntado se elas costumam ir, ou já foram em algum jogo contra times rivais. Por aqui, além de saber se elas frequentam ou não estádios de futebol, podemos saber se além disso, elas frequentam jogos contra times rivais. Nesse caso, a grande maioria (83,6%) já foi pelo menos uma vez em algum clássico.

A segunda pergunta, indagou se elas utilizam a camisa do time no estádio. Aqui, além de ampliar os dados sobre a frequência, analisamos o comportamento. Mais uma vez, a grande maioria (86,9%) disse que vai uniformizada para os jogos.

Leia mais:

Medo, receio, assédio e preconceito
Em Pernambuco, as arquibancadas do Arruda estão na vanguarda desse movimento. Crédito: Portão 10
Em Pernambuco, as arquibancadas do Arruda estão na vanguarda do movimento por mulheres na bancada. Crédito: Portão 10

Entendido a frequência e o comportamento, chegou a vez de analisarmos o sentimento e, enfim, o que elas passam no dia a dia dentro dos estádios de futebol. Para isso, mais duas perguntas foram feitas. Primeiro, se elas já tiveram medo ou receio de ir em algum jogo de futebol. Por tratarmos de um ambiente machista, chegou a hora de fazer perguntas mais específicas. 75,4% das entrevistadas disseram já ter sentido medo ou receio de ir em um jogo de futebol.

Por fim, foi a vez de perguntar se elas já sofreram algum tipo de assédio ou preconceito nos estádios. Por maioria, o gráfico mostra que 65,6% das mulheres entrevistadas já sofreram algum tipo de assédio ou preconceito nos estádios de futebol.

Portanto, é possível perceber que, por mais que as mulheres já vistam a camisa de seus times para ir aos jogos e frequentam clássicos contra os maiores rivais, ainda existe um receio muito grande em frequentar um estádio de futebol. Esse receio pode ser explicado pelo que elas passam frequentemente nesses locais. Como podemos ver, 37,7% das entrevistadas já sofreram assédio e preconceito nos estádios. 24,6% sofreram “apenas” assédio e, 3,3%, sofreram “apenas” preconceito.

Clique aqui para conferir os gráficos da pesquisa.

Daniel Dutra

Jornalista em formação e apaixonado por esportes. Juntei essas duas paixões para produzir conteúdo e valorizar a comunicação criando um portal para levar informação e gerar oportunidades.
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