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Na contramão do governo da URSS, o Krasnaya Presnya mudou seu nome para Spartak de Moscou em homenagem a um escravo que se rebelou contra o Império Romano. Spartacus serviu de inspiração para o time do povo Russo se colocar como resistência ao regime ditatorial comunista.
Em 109 antes de Cristo, nascia Spartacus, de origem trácia. Desertor do exército romano, foi capturado e transformado em escravo. Por sua força física, foi comprado por Lêntulo Batiato, um treinador de gladiadores na península itálica de Cápua.
Mais recentemente, em 1922, era fundado por Nikolai Starostin, o Krasnaya Presnya, clube clandestino que homenageava o nome do próprio bairro, na capital Moscou. O clube que ainda mudou seu nome para Pischeviki anos depois, foi um dos líderes na luta pela popularização do futebol no mundo. Entretanto, o clube também lutaria fora de campo.
Na época, a Rússia vivia sobre o regime ditatorial comunista de Stalin. Com isso, o Estado se apropriou do esporte para que o futebol servisse como propaganda da ditadura, a famosa prática de sportswashing. Dessa forma, muitos clubes mudaram de nome e até de escudo, para que tivessem referências ao governo. Até mesmo empresas foram criadas para que a NKVD (polícia secreta) pudesse criar e controlar os clubes.
Contrário a tudo isso, em 1935 o Pischeviki mudou seu nome para Spartak de Moscou, inspirado em Spartacus, o líder da revolta de escravos contra o Império Romano. O uniforme vermelho e branco representa o sangue derramado dos gladiadores que se revoltaram contra a escravidão. A intenção do clube era se colocar como resistência ao regime, o que de fato aconteceu e transformou a equipe no “time do povo”.
Spartak de Moscou
Com a Liga Soviética profissional surgindo na Rússia e se espalhando pela URSS, o Spartak de Moscou começou a se destacar. O clube foi 12 vezes campeão da URSS, 10 vezes campeão da Copa da URSS e base da Seleção Soviética campeã da Olimpíada de Melbourne, em 1956. Todavia, a resistência cobrou um preço caro para seus líderes. Mesmo recebendo a Ordem de Lênin (maior condecoração da URSS) ao conquistar o primeiro título, os irmãos Starostin, que administravam o Spartak, foram condenados por adotarem (supostamente) estratégias burguesas no clube, contribuindo para o capitalismo, e por ter planos para matar Stalin.
Mesmo sofrendo esse duro golpe, a torcida, considerada a segunda maior da Rússia, se manteve firme ao Spartak de Moscou. Foi dela inclusive, que surgiram os primeiros hooligans da URSS. A equipe chegou a sofrer um rebaixamento e acabou retornando sem nenhum tipo de ajuda do regime soviético. Mesmo após tudo isso, o Spartak voltou a vencer diversos campeonatos de expressão, se destacando inclusive em competições internacionais.
Entre os rivais do Spartak está o Dínamo de Moscou, o time dos militares. A localidade compartilhada e a divergência com o Estado são motivos suficientes para o confronto virar uma guerra dentro de campo, principalmente na época. Durante a URSS, o Spartak de Moscou se deu melhor, vencendo 3 de 5 campeonatos. Feito muito importante pra os operários que jogavam contra os soldados. Até mesmo Leonid Brezhnev, que foi presidente da União Soviética, era torcedor assumido do clube.
Pós-cristo e Pós-União Soviética
De fato, uma luta de altos e baixos que pode se confundir com Spartacus, seu líder identitário. De certa forma, os operários de Moscou dialogam com o escravo gladiador. A luta pela liberdade e os direitos adquiridos unem-os e, mais do que tudo, fazem jus. O nome foi honrado, por isso, tanto o clube como o futebol, colhem frutos hoje em dia.
Além dos títulos do Campeonato e da Copa da URSS, o Spartak de Moscou conquistou diversos títulos da década de 90 para cá. Entre as conquistas estão: 10 Campeonatos Russos, 3 Copas da Rússia e 1 Supercopa da Rússia. Atualmente, o clube não tem ficado entre os primeiros, mas continua sendo forte e buscando voltar ao topo. Contudo, a dificuldade aumentou por conta de investimentos milionários em outros clubes como o Zenit por exemplo.
Portanto, Spartacus e Spartak foram extremamente importantes. Um, foi líder de uma revolta de escravos. O outro, não se rendeu a um regime ditatorial e ajudou a popularizar o futebol, hoje conhecido como o esporte mais popular do mundo. A homenagem foi válida e, por isso, o Spartak de Moscou é considerado o time do povo na Rússia.