Flamengo e Cobreloa pela final da Libertadores de 1981. Crédito: Reprodução
Futebol

Pau e pedra: a violenta final entre Flamengo e Cobreloa na Libertadores de 1981

Daniel Dutra
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Imagine uma final de Libertadores com um zagueiro atuando com uma pedra na mão para machucar os adversários… Pois é, isso aconteceu em 1981 na final entre Flamengo e Cobreloa do Chile.


A final da Copa Libertadores da América de 1981 foi a 22° edição do principal torneio sul-americano. Disputada em três jogos entre Flamengo (Brasil) e Cobreloa (Chile), o rubro-negro carioca levou a melhor no final. Contudo, os jogos foram verdadeiras batalhas onde, em determinados momentos, fugiu do âmbito esportivo.

O primeiro jogo foi o mais tranquilo. Disputado no Maracanã, o Flamengo venceu os visitantes por 2 a 1 com dois gols do craque Zico. Todavia, no jogo de volta no Estádio Nacional em Santiago do Chile, vitória do Cobreloa por 1 a 0. Apesar de um jogo sem expulsões, o que aconteceu em campo foi um verdadeiro fato lamentável.

Patrocinado pela ditadura chilena, os “Naranjas” como eram conhecidos os jogadores do Cobreloa, entraram em campo praticamente armados. Soto, capitão da equipe, jogou com uma pedra nas mãos. Dessa forma, ele levava a melhor nas disputas enquanto Lico e Adílio, jogadores do Flamengo, saíram com os supercílios abertos. Tudo isso, sem a menor punição do árbitro, pressionado pelo time patrocinado pela ditadura.

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Com o placar empatado no agregado, as equipes precisaram jogar uma terceira partida. Mas dessa vez, em campo neutro. Foi escolhido o Estádio Centenário de Montevidéu, no Uruguai. Agora, sem pressão dos militares chilenos e sem poder usar das artimanhas apresentadas no último jogo, os chilenos foram derrotados por 2 a 0. Novamente, um doblete de Zico.

Entretanto, o Flamengo não quis apenas a vitória e o inédito título da Libertadores. Com o jogo ganho, o técnico Paulo César Carpegianni colocou em campo, o atacante Anselmo com apenas uma finalidade: vingar seus companheiros. O alvo principal era Soto, o capitão do Cobreloa que atuou com uma pedra na mão.

Poucos minutos depois de entrar em campo, Anselmo deu um soco bem dado em Soto, deixando o zagueiro desacordado. Por isso, acabou sendo expulso e formando uma grande confusão. Se nos primeiros jogos ninguém foi expulso, no terceiro jogo, cinco jogadores foram punidos com o cartão vermelho. Entre eles: Andrade e Anselmo do Flamengo, e Soto, Jiménez e Açarcón do Cobreloa.

A carreira dos envolvidos após a confusão

Jogadores do Flamengo comemorando o título da Libertadores de 1981. Crédito: Reprodução
Jogadores do Flamengo comemorando o título da Libertadores de 1981. Crédito: Reprodução

Anselmo teve mais sucesso como atacante no futebol cearense, onde foi artilheiro na década de 1980. Mesmo assim, ganhou um certo status de ídolo do Flamengo pela vingança. Aliás, recebeu a alcunha de “Vingador”. Depois do episódio, o atacante foi para o Botafogo de Ribeirão Preto, envolvido em uma troca com Toninho Cajuru, que foi para o Flamengo. Em São Paulo, fez alguns gols com a camisa do Pantera.

Soto, então capitão do Cobreloa, chegou a jogar no futebol brasileiro. Fato esse, que os torcedores do Palmeiras não gostam muito de recordar. Soto participou de um período em que a defesa do Palmeiras teve: Beto Fuscão, Darinta, Polozi e Toni Gato. Uma das piores fases defensivas que o Palmeiras já teve.

Inclusive, vale lembrar, a final do Intercontinental (mundial) era disputada em jogo de ida e volta até 1979. Por conta de incidentes como esse, os europeus se recusaram a jogar dessa forma com os sul-americanos. Para que a disputa continuasse existindo na década de 1980, foi acordado que os jogos seriam em jogo único e campo neutro. Essa edição de 1981 foi disputada no Japão com o patrocínio da Toyota com mais um final feliz para o rubro-negro carioca: 3 a 0 no Liverpool, ficou marcado na história.

Daniel Dutra

Jornalista em formação e apaixonado por esportes. Juntei essas duas paixões para produzir conteúdo e valorizar a comunicação criando um portal para levar informação e gerar oportunidades.
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