Seedorf resume bem como o Milan padece ao viver de passado. Crédito: (AFP Photo)
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O Milan padece ao viver do passado

Daniel Dutra
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A última década não foi nada boa para o Milan. Acostumado com glórias, a equipe sucumbiu diante de sua própria história. Tentando renascer, viu nos ídolos do passado a chance de voltar a lutar por títulos no futebol, mas sem planejamento, o Milan padece ao viver do passado.


Os últimos anos não vem sendo nada fáceis para o Milan. Após o último título italiano, em 2011, o melhor resultado que o time rossonero alcançou na competição foi o 2° lugar no ano seguinte, depois disso, apenas um 6° lugar em 2018. Nada bom para o tamanho do clube, que o máximo que vem conseguindo conquistar, é uma vaga na EuroLeague. Sem saber o que fazer, as diretorias (mudou algumas vezes com as vendas do clube) apelam para o emocional e buscam amparo nos ídolos do passado.

O Milan apela para seus ídolos. Ele aposta na carreira de ex-jogadores sem nenhum tipo de experiência ou qualificação necessária para o tamanho do cargo. Em 2014, Seedorf encerrou sua carreira como jogador após levar o Botafogo para a Libertadores e foi direto para o Milan comandar a equipe, como técnico. O resultado previsivelmente não foi bom. Ele foi demitido com menos de 5 meses de trabalho.

Incrivelmente, mesmo com a experiência ruim, o Milan parece que gostou de sofrer. Após Seedorf ser demitido, Inzaghi foi contratado como substituto. Anos depois, foi a vez de Gattuso. Os últimos dois pelo menos tiveram experiências no time primavera do Milan, o que talvez tenha ajudado-os a ter mais longevidade, mesmo assim, sem êxitos.

Outra coisa que podemos observar, é a falta de filtro para ser treinador do Milan. O clube não tem um jeito de jogar e nem faz questão de buscar. Na hora de procurar um novo técnico, a disparidade entre o Plano A e o Plano B costuma ser grande. No ano passado, por exemplo, Conte era o desejo e Giampaolo a segunda opção. O início da temporada diz por si só. Giampaoli, que acabou sendo contratado, foi demitido e substituído por Pioli, que também chegou com resistência da torcida.

Fica cada vez mais nítido os erros de planejamento da diretoria rossoneri. E engana-se quem pensa que é apenas com os técnicos.

Maldini, ídolo e atual diretor técnico do Milan. Créditos: Tribuna.com
Maldini, um dos maiores ídolos do clube é o atual diretor técnico do clube. Créditos: Tribuna.com

Paolo Maldini, o jogador que mais vestiu a camisa do Milan em toda a história, com 902 jogos disputados, foi convocado para voltar ao único clube em que atuou. Dessa vez, com a missão de dirigir o setor técnico do clube. Uma aposta que, assim como Seedorf, foi arriscada, pois Maldini não estudou para se tornar gestor. Hoje, o brasileiro Kaká segue passos mais profissionais que seu ex-companheiro, aliás, vê no clube de Milão, seu possível primeiro emprego como gestor após terminar os estudos.

Além de Maldini, outros ex-jogadores como Boban, chefe-executivo do futebol, incorporaram o plantel rubro-negro nos últimos anos com a missão de levar o clube de volta para a Champions League. O Milan tenta a todo custo mudar sua estrutura e renovar seus dirigentes, mas muitas vezes, acabam recorrendo a profissionais antigos, como Leonardo, ídolo e ex-diretor de futebol, que já teve duas passagens nesse cargo. Dentre os citados, Leonardo foi o que mais empolgou, apostando em contratações diferentes, como a de Lucas Paquetá, porém, sem muito sucesso também. Os últimos dois citados são os únicos que pelo menos estudaram e tiveram experiências anteriores.

O time do Milan está longe de empolgar, e tanto na beira do gramado como dentro de campo, faltam peças que façam o clube decolar. As contratações são sempre abaixo do nível. Acumulando uma dívida de R$2,645 BILHÕES, durante a última década, o clube agoniza financeiramente e, sem muito dinheiro, a equipe vai se acostumando a ficar no máximo entre os dez primeiros colocados. Enquanto isso, a diretoria usa superstição de torcedor como desculpas para resultados ruins.

Acreditar em maldição ou em trabalho?

Na década passada criou-se uma preocupação quanto a utilização da camisa 9 do Milan pelos atacantes. Representada por craques ao longo da história do clube, ela nunca mais teve um jogador que a orgulhasse depois da aposentadoria de Inzaghi.

A diretoria do Milan levou a maldição tão a sério que criou uma nova regra. Antes de dá-la para algum jogador, ele teria que provar que merece. Foi feito. Em 2018, Piatek chegou com tudo e terminou entre os artilheiros do campeonato, ofuscando inclusive Cristiano Ronaldo, da rival Juventus. Após o brilho jogando com a camisa de número 19, lhe foi concedida a 9. De lá pra cá, já se foi um ano e o desempenho não é mais o mesmo.

O que fazer diante dessa situação? Analisar os motivos, o elenco, o treinador e a estrutura ou se apegar ao misticismo? Cabe a cada um escolher o seu motivo, mas como profissionais, os dirigentes precisam ser mais sérios e trabalhar de acordo com a realidade. A equipe vai ficando para trás até mesmo no âmbito nacional, algo que era inimaginável em 2011, por mais que uma safra vencedora fosse embora naquele momento. Inclusive, alguns ídolos, como Pirlo, foram desfeitos na época e acabaram sendo campeões por rivais.

Portanto, é extremamente importante que o Milan pare de fazer apostas sem embasamento e comece a analisar melhor o mercado e o próprio clube. Na última partida de 2019, o time foi goleado por 5 a 0 pela Atalanta, time que o Milan costuma comprar jogadores e, “incrivelmente”, mesmo perdendo atletas para o Milan, a Atalanta obtêm melhores resultados tanto jogando contra, quanto nos campeonatos.

Assim terminou a década do Milan, e assim, começa a nova. Sem muitas perspectivas.

Daniel Dutra

Jornalista em formação e apaixonado por esportes. Juntei essas duas paixões para produzir conteúdo e valorizar a comunicação criando um portal para levar informação e gerar oportunidades.
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