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Presídio do Carandiru, 1991. Após conquistar o primeiro título brasileiro do Corinthians, um amistoso marcou a presença de Neto no Carandiru um ano antes do massacre.
No início de 1991, o Corinthians ainda comemorava o título brasileiro de 1990 quando o craque Neto e alguns ex-jogadores foram realizar um amistoso contra a seleção do presídio do Carandiru. Observados por quase oito mil detentos do maior presídio do Brasil.
Neto vivia seu auge na carreira e, apesar de confessar que sentiu um clima tenso no presídio, nunca foi tão bem tratado. Todavia, outros fatos assustaram o ex-jogador. Recentemente, ele relembrou o amistoso em uma postagem no Instagram.
Na ocasião, a partida foi vencida pelo time visitante com dois gols de falta do Neto. Segundo o apresentador, o goleiro (prisioneiro) que sofreu os gols, teve supostamente, o braço cortado por outros detentos. Ao final da partida, com medo de aproveitarem sua presença para iniciar uma rebelião, Neto passou mal e desmaiou. Foi levado ao hospital com uma agulha de glicose no braço.
Carandiru, 2 de outubro de 1992.
No ano seguinte ao amistoso, o Carandiru entraria para a história de uma forma trágica. E tudo começou, com outra partida de futebol. Durante um jogo entre os detentos da Casa de Detenção no Pavilhão 9 do presídio, uma briga entre dois presos gerou uma confusão entre grupos rivais. Rapidamente, a briga foi se espalhando pelo presídio.
Liderada pelo coronel Ubiratan Guimarães, a Polícia Militar foi autorizada pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Pedro Franco de Campos, a intervir para acalmar a rebelião local. Um mês depois, Campos deixaria a secretaria, que foi sucedida por Michel Temer.
O que aconteceu no entanto, foi uma verdadeira chacina. Duas horas depois do começo da confusão, estava armada uma rebelião. Os presidiários abandonavam o local tomado por fogo sem fazer nenhuma reivindicação. Enquanto isso, a polícia cercava o local com batalhões de elite como: 320 policiais, Rota, Gate, 30 Choque e Cavalaria, além dos bombeiros.
Junto aos policiais, chegaram grupos de direitos humanos alegando que os precisos decidiriam pôr fim à rebelião. Contudo, a versão da polícia diz que os presos estariam jogando armas pelas janelas contra os policiais.
O Massacre do Carandiru
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Com esse impasse de versões, a polícia rompeu a barricada dos detentos e invadiu o presídio – a maioria sem os crachás de identificação. Logo na entrada, a situação foi facilmente controlada. Logo depois, mais um duelo de versões. Primeiro, a polícia disse que foi recebida com facadas, sacos de fezes e urinas e tiros dos detentos. Por isso, revidou e matou 26 detentos fora das celas.
Segundo os detentos sobreviventes, eles haviam se rendido e estavam dentro das celas desarmados. O que foi sendo parcialmente confirmado pela perícia. Ela concluiu que não houve confronto entre o 3º e 4º andar do presídio. Onde, para escapar com vida, os presos se misturavam com os colegas mortos. Na teoria final, os confrontos aconteceram nos pisos inferiores.
Entretanto, comandada por agentes experientes, a polícia logo tentou modificar esse cenário. Alguns presos foram escalados para carregar os corpos mortos até o 1º andar, onde houve confronto. Lá, eles foram empilhados para dificultar as conclusões da perícia.
O coronel Ubiratan foi condenado a 632 anos de prisão. 120 policiais foram indiciados e 86 foram julgados.
O massacre em números
- No mesmo dia, véspera de eleição, a polícia divulgou que 8 presos morreram.
- Depois da atuação da perícia, o número oficial subiu para 111 presos.
- 103 vítimas de disparos.
- 8 pessoas de objetos cortantes.
- Nenhum policial morto.
- 130 detentos feridos.
- 23 policiais feridos.
- 120 policiais indiciados.
- 86 policiais julgados.
- 1 policial condenado (Coronel Ubiratan).
- 632 anos de prisão ao coronel.
Dez ano depois, o presídio foi demolido em 2002. Desde então, o local dá espaço ao Parque da Juventude, localizado na Zona Norte paulista.