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Um passe para trás, para depois avançar. Como em um jogo de xadrez, Guardiola sai de uma das piores fases de sua carreira para uma das melhores.
Não é só na metáfora que fica o jogo de xadrez de Pep Guardiola. Durante muito tempo, em todos os times pelos quais passou, o espanhol tem por filosofia de jogo, o jogo posicional. Quando falamos sobre essa filosofia, o principal objetivo é criar superioridade por trás das linhas de marcação adversária. Mas não somente superioridade numérica. Por isso, separamos e explicamos cada uma delas em uma matéria sobre esse estilo de jogo (clique aqui para ler).
Ao entendermos sobre o jogo posicional de Guardiola, chegamos em um princípio que acompanha o treinador nos times que treinou: os passes para trás. Certamente, você pode estranhar, pois se acostumou a ver o Barcelona de Guardiola jogar no campo do adversário. Mas de fato, passes para trás também acontecem em times de um dos melhores técnicos do mundo. Inclusive, faz parte de sua estratégia.
Antes de perder o derby de Manchester, o City estava invicto há 28 jogos, sendo 25 vitórias e 3 empates. Contando apenas a temporada da Premier League (2020/21), a equipe alcançou um índice de 41,6% dos toques em direção à defesa. Se compararmos com as 31 principais ligas da Europa, o Manchester City lidera esse quesito.
Guardiola e os passes para trás
Este é um recurso muito utilizado por diversas equipes inglesas. De acordo com o Observatório CIES, a Premier League é a competição com mais registros de passes para trás, uma média de 36,5%. Mas qual o motivo desses passes?
Para responder essa pergunta, é preciso lembrar dos fundamentos do jogo posicional citados no início da matéria. Entre eles, Guardiola escolheu o passe para trás com a intenção de atrair o adversário para seu próprio campo. Mas diferente de um contra-ataque onde o time se defende sem a bola, o Manchester City “recua” com a posse da bola. Lembra da busca por espaço? Ela aparece nesse momento, quando os Cityzens recuam e abrem espaço atacando com superioridade nas costas do adversário.
Por isso, quando definimos esses recuos como marca registrada de Guardiola, é a mais pura realidade. Por mais que não tenha ficado no imaginário popular, acontece muito. As equipes de Guardiola costumam controlar a movimentação do adversário, movendo o oponente, e não necessariamente progredindo com a bola. A troca de passes cria na verdade, movimentações esperadas do adversário, alterando seu balanço defensivo. Por isso, engana-se quem pensa que esses passes para trás não são pensados. Para Guardiola, é preciso ter objetivo nessa troca de passes, e não ficar tocando aleatoriamente.
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A eficácia dos passes
Por mais que um certo estigma permeie entre a falta de recurso e facilidade, os passes para trás também são de muita responsabilidade. Principalmente no caso do Manchester City de Guardiola, onde esses passes são construtores de jogadas. Por isso, vale destacar a alta eficácia em passes para trás dos jogadores do Cityzens.
A imagem acima não mostra o exato time titular de Guardiola, mas mostra os jogadores com mais eficácia em passes para trás. Todavia, se trocarmos algumas peças, cada jogador mantém-se acima de 90% de eficácia. Para um comparativo mais claro, ao trocarmos João Cancelo por Walker na imagem acima, os números continuam os mesmos. Ambos os jogadores deram 49 passes para trás e acertaram 48. Ou seja, 98% de eficácia.
Certamente, os goleiros não fazem parte dessa estatística, pois acabariam entrando na estatística de gols contra. Entretanto, a participação deles também são extremamente importantes nesse estilo de jogo. Como a equipe vai tocando para trás, os goleiros precisam ter habilidade com os pés para participar ativamente do jogo. Por isso, o brasileiro Ederson é um dos goleiros com mais assistências no mundo. Ou seja, como foi dito anteriormente, o recuo ajuda a abrir espaços mais na frente, e entre as formas de alcançar companheiros livres, está o lançamento. Coisa que o Ederson e jogadores como De Bruyne sabem fazer com maestria.