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Mesmos princípios e execuções diferentes. O jogo posicional é, acima de tudo, uma cultura tática. Para entender melhor seu conceito, precisamos elencar alguns princípios de jogo e suas possibilidades.
Sempre em evidência, o jogo posicional atrai muitos olhares quando entra em campo. Com o Leeds United de Marcelo Bielsa na Premier League, acompanhamos o duelo entre o professor Bielsa, e o aluno Guardiola. Pelo menos é assim que o própria Pep define. Aqui no Brasil, o ex-auxiliar de Guardiola, Domènec Torrent, também trabalha o Flamengo com o jogo posicional. Mas enfim, o que é o jogo posicional?
Existe uma certa resistência ao jogo posicional por uma interpretação errada de seu nome. Muita gente acha que por ser “posicional”, os jogadores ficam presos. Contudo, não é isso que pretende esse modelo de jogo. Tática nenhuma é estática. Elas servem “apenas” para nortear os jogadores, orientando o posicionamento deles durante situações do jogo. Portanto, é até possível uma equipe manter seus jogadores estáticos, mas não é o jogo posicional que determina isso, e sim o treinador.
Quando falamos sobre jogo posicional, o principal objetivo é criar superioridade por trás das linhas de marcação adversária. Mas não somente superioridade numérica. Por isso, antes de tudo, vamos separá-las e explicá-las.
- Superioridade Numérica: a mais conhecida e utilizada. Quando um time tem mais jogadores em uma determinada faixa do campo onde acontece a jogada.
- Qualitativa: quando acontece um duelo 1 vs 1 por exemplo, e seu jogador com a bola, é melhor tecnicamente do que o adversário que o marca.
- Posicional: quando seu jogador está melhor posicionado que o marcador para chegar na bola.
- Dinâmica: que busca o posicionamento entrelinhas.
Princípios comuns ao Jogo Posicional
Tão importante quanto os princípios acima, é a posse de bola. Ela se torna uma arma tanto ofensiva, quanto defensiva. Quem não lembra da analogia do porrete de Eduardo Barroca? Quando você está com a bola, você não pode ser atacado.
“Imagina que alguém te fala: vocês dois vão sair na porrada agora, num quadrado, durante 10 minutos. Por sete minutos, um de vocês vai poder ter um porrete na mão. E nos outros três, o outro terá o porrete. Para mim, a bola é o porrete. Não quer dizer que eu vou vencer, posso ter o porrete e você pode me acertar um soco no queixo. Mas se alguém me perguntar se prefiro ficar mais tempo com o porrete, prefiro. A lógica para mim é essa. A bola é uma forma de me aproximar de vencer e afastar o adversário da vitória.” – Barroca em entrevista ao jornal O Globo.
Além disso, outra característica é o jogo ofensivo. A tendência nesse modelo de jogo, é que as equipes busquem passar com muitos jogadores da linha da bola. Como citado no início, buscando superioridade nas costas adversária. Todavia, você deve se perguntar: isso não é arriscado? De fato, é. Por isso, adeptos desse modelo precisam criar estratégias rápidas de recuperação da posse de bola. Dessa forma, o famoso “perde e pressiona” ou couterpress aparece em destaque. A ideia é justamente recuperar a bola antes que o adversário consiga armar um contra-ataque.
Estratégias do modelo
Uma das principais características das equipes do Guardiola, diz respeito à dinâmica. Quando por exemplo, seus atacantes controlam a movimentação da defesa adversária, movendo o oponente, e não necessariamente a bola. A troca de passes cria na verdade, movimentações esperadas do adversário, alterando seu balanço defensivo. Por isso, Guardiola não é adepto do “tiki-taka” puro. Para ele, é preciso ter objetivo nessa troca de passes, e não ficar tocando aleatoriamente.
“Eu odeio isso de passar por passar, tudo isso de tiki-taka. É muito lixo e não tem propósito. Você tem de passar a bola com uma intenção clara, com o objetivo de chamar ao gol adversário. Não é questão de apenas passar por passar… O Barça não fazia tiki-taka! É completamente inventado. Não acreditam em uma palavra disso.” – Guardiola em sua biografia.
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Variações do modelo
Como já citado, o jogo posicional não prende os jogadores. Há quem goste, mas isso é uma estratégia pré-definida de variação. Isso porque esse modelo não define tudo o que você precisa fazer. Logo, cada treinador irá pré-determinar se buscará passes verticais ou horizontais, etc. A busca por espaços fica a cargo do técnico. O que torna o estilo de jogo bem flexível. Da mesma forma que ele não limita os jogadores, ele não limita a liberdade criativa dos técnicos.
Já que estamos usando Guardiola como exemplo, podemos pegar o Barcelona de 2010, e ver como o treinador organizava o posicionamento da equipe. Guardiola separava o campo de jogo em quadrados, da forma ilustrada abaixo. Com isso, ele posicionava os jogadores em algumas faixas do campo. Entretanto, esses quadrados servem, basicamente, para tornar suas instruções de movimentações mais didáticas, e não para prender os jogadores nesses espaços. Existem sim, movimentações pré-estabelecidas, mas não limitantes. Vimos isso nesse Barcelona de 2010, e também vemos no atual Manchester City, do mesmo Guardiola. Muita troca de posição e flexibilidade. Nada de ficar fixo dentro de um quadrado.
Portanto, essas movimentações pré-definidas permitem movimentos coordenados. Se um técnico pedir amplitude, com os extremos abrindo o máximo, eles o farão no espaço determinado para que possam abrir a defesa adversária. Tudo depende do que pede o treinador. Por isso, vejamos alguns exemplos a seguir.
Superioridades na prática
No frame de gol acima, o Manchester City de Guardiola consegue concluir praticamente todas as superioridades citadas no início do texto. Primeiro, podemos ver um meio campo propositalmente fechado. Nesse momento, Guardiola abriu mão da superioridade numérica no meio, para dar espaço para a superioridade dinâmica. Nesse lance, o meio campista mais abaixo na terceira linha se deslocará nas costas do adversário para receber o passe. Depois, ele aciona Sané, dando amplitude na ponta esquerda.
Depois de acionado, Sané parte para o 1 vs 1, que como falamos, diz respeito a superioridade qualitativa. Como Sané é mais habilidoso que o marcador, ele empurra a defesa para trás e aciona Sterling entrando na área. Repare que Sterling consegue uma superioridade posicional, chegando na bola antes e melhor colocado do que o marcador para fazer o gol.
O que difere Ataque Posicional de Jogo Posicional?
Para terminar essa explicação, vale tirar uma dúvida comum. Quais são as diferenças entre ataque posicional e jogo posicional? Basicamente, a resposta é o que todos esperam: ambos possuem a mesma premissa. Porém, o jogo posicional trabalha todo o campo de jogo, e o ataque, apenas o último terço. Ele também busca profundidade, jogo entrelinha, suporte, superioridade e outros conceitos.
Entretanto, por ser mais específico, o ataque posicional é até mais comum do que o jogo posicional. Como podemos ver no gráfico acima, o ataque posicional é o modelo mais adotado no futebol. A princípio, ele é mais fácil de ser aplicado por não arriscar tanto como o jogo posicional. Você pode escolher outra forma de jogar nos outros terços.
Portanto, é importante lembrar mais uma vez, que tudo depende do treinador. O que ele pretende? Essa é uma das perguntas que definirão a filosofia e o modelo de jogo da equipe. Não existe uma única forma de aplicar o jogo posicional, mas ele possui seus princípios. Resta ao técnico então, executá-lo da melhor forma. E claro, depende do elenco. Por fim, jogo posicional, ou jogo de posição, é mais adepto ao conceito de homem livre, do que preso.