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A discussão sobre a depressão no futebol cresce cada vez mais em universidades, congressos e no próprio dia a dia do esporte. Entretanto, ela ainda é um tabu e faz com que jogadores renunciem sua carreira.
Durante essa semana, Dennis Hoins, meio-campista alemão, confirmou sua aposentadoria dos gramados aos 27 anos. Perguntado sobre o motivo, o atleta disse que a depressão foi a grande responsável. O último jogo de Dennis Hoins foi em novembro de 2019. Depois disso, o jogador não conseguiu mais se livrar da doença.
“Se a cabeça não quer, o corpo não tem chance. Claro que é uma pena, ainda mais agora que conseguimos subir de divisão. Mas acabou para mim. Saiu do nada. A depressão estragou completamente a minha saúde, me sobrecarregou. Definitivamente, estou me sentindo muito, muito melhor hoje. Futebol para mim, agora, só por diversão. Eu definitivamente não jogarei mais por algum clube” – Dennis Hoins ao jornal Lübecker Nachrichten.
Casos assim não são muito difíceis de encontrar. Aqui no Brasil por exemplo, acompanhamos o sofrimento de Nilmar, Thiago Ribeiro e alguns outros nomes. O caso mais notório e parecido com Dennis, foi o de Nilmar, que atualmente está afastado dos gramados e disse que está mais próximo de encerrar a carreira do que voltar a jogar futebol.
O que diz os profissionais da área?
Em entrevista para a PressFut, Paulo Ribeiro, psicólogo do esporte há mais de 30 anos com passagens por Vasco, Flamengo e Botafogo, falou sobre o tema. Para ele, a depressão ainda é um tabu, difícil de ser entendida por outras pessoas, mas que já passa a fazer parte das possibilidades de acontecimentos em determinados jogadores.
“As pessoas começam a perceber que a demanda e a pressão por resultados, por vezes ultrapassa o humano, elas deixam o humano em segundo plano. Nenhum atleta que vai jogar o seu futebol, está deixando em casa o seu lado pessoal, ele vai junto com o seu trabalho e o seu desempenho.” – Paulo Ribeiro para a PressFut.
Portanto, essa afirmação de Paulo Ribeiro remete um pouco do que diz Nilmar em entrevista para o Globo Esporte. Na ocasião, ele também cita o fato dos atletas profissionais terem uma imagem de super-heróis fortes e que nada sofrem. Contudo, sabemos que não é assim.
“Hoje, é sim um tema que é levado bastante em consideração, as pessoas estão mais sensíveis a ele, claro que ainda é um tabu e que a gente ainda vai levar muito tempo. Como falei, eu estou a 34 anos nisso e só de alguns anos para cá, alguns atletas estão deixando claro para as pessoas e para a mídia de modo geral, de que eles passaram por esses processos depressivos e que isso os penalizou em determinado momento da sua carreira. Então isso eu não imaginava algum tempo atrás, hoje a gente já tem pessoas falando sobre isso.” – Paulo Ribeiro para a PressFut.
Como gerir a depressão no futebol?
A depressão no futebol nada difere da depressão do resto do mundo. Logo, todos somos suscetíveis quanto a isso. Todavia, cada caso tem sua particularidade. Por isso, é importante que os clubes tenham psicólogos trabalhando diariamente no ambiente profissional. Aliás, isso já é obrigatório nas categorias de base. Entender a importância de valorizar a saúde mental do atleta, é entender que o clube está investindo nele mesmo.
“Daqui a pouco a gente já vai entender, que cuidar do mental, é produzir situação de saúde para um ativo que o clube tem. O atleta é um ativo do clube. Quanto mais você municiar esse atleta de saúde mental e física, você está valorizando o ativo que você tem. Hoje o viés de entendimento para esse assunto é por aí.” – Paulo Ribeiro para a PressFut.
Portanto, é preciso entender que a depressão é um problema sério, que se tornou uma das doenças mais perigosas do mundo. E obviamente, os jogadores de futebol não são super-heróis. Aos poucos, a estrutura de apoio vem mudando, e cabe inclusive ao torcedor, começar a entender isso também. A tendência, é um mundo cada vez mais dinâmico e, consequentemente, mais ansioso. O que é um passo considerável para a depressão, inclusive no futebol.
Leia ou escute a entrevista completa com Paulo Ribeiro: