Haaland e os jogadores da Noruega entraram em campo contra Gibraltar com camisas que dizia: "Direitos humanos, dentro e fora de campo". Crédito: Reprodução/@nff_landslag
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Copa do Mundo no Catar e a importância de se discutir essa tragédia

Em entrevista ao site The Players Tribune, Tim Sparv, capitão da Finlândia, reascendeu um debate muito importante. Perto da Copa do Mundo do Catar de 2022, precisamos falar sobre a exploração por trás de toda a estrutura para a competição.


Durante os jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar (março de 2021), seleções europeias como: Alemanha, Holanda, Dinamarca e Noruega protestaram contra as más condições dos imigrantes que trabalham nas obras para a Copa. Todas as seleções entraram em campo pedindo respeito aos direitos humanos no país que sediará o Mundial de 2022.

Isso porque, segundo alguns jornais como o The Guardian, 6,5 mil migrantes de cinco países diferentes (Índia, Nepal, Sri Lanka, Paquistão e Bangladesh) morreram em más condições durante as obras no Catar. A Anistia Internacional enviou um pedido para a FIFA melhorar as condições desses trabalhadores estrangeiros. Gianni Infantino, presidente da FIFA, respondeu em um comunicado dizendo que a proteção dos direitos humanos é uma “prioridade absoluta”.

Entre as manifestações, a da Noruega de Haaland e Odeegard chamou a atenção. Além de entrar em campo com camisas escritas “Direitos humanos, dentro e fora de campo”, o país chegou a dizer que estudava um possível boicote, que ainda não avançou. Segunda uma pesquisa publicada pelo jornal Verdens Gang, 55% dos noruegueses acreditam que o país deveria boicotar o evento, enquanto 20% são contra o boicote.

“Precisamos falar sobre a Copa do Mundo no Catar”

Jogadores da seleção da Alemanha se manifestando contra a exploração na Copa do Mundo do Catar. Crédito: Divulgação / Ansa - Brasil
Jogadores da seleção da Alemanha se manifestando contra a exploração no Catar. Crédito: Divulgação / Ansa – Brasil

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Em carta publicada no site The Players Tribune, o capitão da Finlândia, Tim Sparv, pediu que todos continuassem falando sobre o tema para que medidas sejam tomadas. Na carta, ele lamenta, e diz que acordamos tarde demais. Se tivéssemos cobrado desde o início, poderíamos ter salvo milhares de vidas.

“A todos os jogadores, treinadores e federações de futebol. Para todos os torcedores e jornalistas que se importam com o jogo. Na verdade, para qualquer pessoa que simplesmente se preocupa com os direitos humanos. Continue falando sobre a Copa do Mundo do Catar. Continue questionando. Expresse seu apoio aos operários imigrantes. Escreva, poste ou tuíte sobre eles. Compartilhe notícias. Fale. Coloque mais pressão sobre o Catar e a FIFA. Por quê? Porque funciona. E os trabalhadores — acredite em mim —, eles precisam disso.” – Tim Sparv no The Players Tribune.

A propriedade na fala de Tim Sparv diz respeito ao seu “empreendimento” no Catar. O capitão finlandês tem passado os últimos dois anos estudando a situação dos operários enquanto fala diretamente com eles.

Antes tarde do que nunca

Tim Sparv, capitão da Finlândia. Crédito: TF-Images/Getty Images
Tim Sparv, capitão da Finlândia. Crédito: TF-Images/Getty Images

Entretanto, toda a lamentação por ter acordado tarde demais serve de lição. Como o próprio Tim diz, ainda podemos melhorar vidas. E com certeza, as próximas decisões serão tomadas de forma melhor. Mas para isso, é preciso manter os holofotes no Catar. Sejam jornalistas, torcedores, atletas ou organizações. Todos precisam dar destaque aos tristes acontecimentos no país. Pois não é algo exclusivo ao Catar, e sim sobre qualquer torneio que explore pessoas.

Contudo, por mais que seja importante que jogadores batam nessa tecla, Tim também alerta para o que pode acontecer com jogadores diretamente envolvidos com a situação: “Todos nós sabemos que, se um jogador fala sobre a política de certos países, ele ou ela pode ter problemas.”

Por fim, Tim dá uma dica para quem quer ficar no lado certo quando a história sobre a Copa do Mundo no Catar for escrita:

“Se você tiver coragem, se informe, se envolva, fale. Fale com um jornalista, escreva um tuíte, poste algo no Instagram. Entre em contato com representantes dos trabalhadores, organizações de direitos humanos ou o sindicato do seu país e pergunte como você pode ajudar a gerar um impacto para os trabalhadores do Catar.” – Finalizou o capitão da Finlândia em sua carta.

Daniel Dutra

Jornalista e fundador da PressFut. Também atua no SBT e na Rádio Tupi.
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