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Assunto recorrente no Brasil, clube-empresa é uma discussão válida. Inclusive, a salvação de muito time. Entretanto, justamente por não ser uma regra, essa junção nem sempre dá certo. Enquanto o senado brasileiro aprova a PL S/A, europeus protestam contra os donos de seus times. É o caso do Manchester United e os “Glazers out”.
Para falar sobre clubes que pertencem a empresários, nada melhor do que citar a Premier League, maior campeonato de times do mundo. Por lá, todos os clubes são empresas. Se olharmos para a competição, podemos supor que não há nada melhor em termos financeiros e esportivos. Contudo, a recém tentativa de criação de uma Super Liga Europeia escancarou o contrário: os torcedores estão insatisfeitos com seus “donos”, mas não querem que eles sejam substituídos. Querem que eles saiam.
O caso mais explícito é o do Manchester United. E para isso, vale fazer um pequeno resumo do que aconteceu com o clube.
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The Glazers
Em março de 2003, o empresário norte-americano Malcolm Glazer comprou 2,9% das ações do clube. Valor que até então, não representava tanta coisa. Mas no ano seguinte, a família Glazer já detinha 30% do clube, dando início ao descontentamento dos torcedores do United. Foi então em 2005, que a “era Glazers” começou. Em maio daquele ano, eles adquiriram 57% do clube e lançaram uma proposta de aquisição formal. No mês seguinte, arrebataram 98% do clube com ajuda do governo inglês.
Durante a primeira visita que fizeram ao Old Trafford como novos donos do Manchester United, os empresários norte-americanos precisaram ser escoltados pela polícia. Há mais de 15 anos atrás, ocorreu o primeiro protesto dos torcedores. O atual técnico da equipe, Solskjaer, que na época era jogador, tomou a decisão de se juntar aos torcedores e protestar contra os novos proprietários.
Entretanto, conforme o Manchester conquistava títulos, as críticas abaixavam. Entre 2007 e 2009, o clube foi tricampeão seguido da Premier League. Mas bastou um vice-campeonato da Liga Inglesa para o Chelsea em 2010, que as coisas voltaram a pegar fogo. Na época, iniciou-se um movimento dos torcedores usarem as cores verde e amarelo, que eram as cores do clube no início de sua história.
Dinheiro acima do âmbito esportivo?
A parte inegável da história, é que os Glazer transformaram o Manchester United em um dos clubes mais ricos do mundo. Um aumento extraordinário de receitas comerciais nos últimos 16 anos. A família Glazer revolucionou o mercado do futebol europeu. No entanto, nada que convença os adeptos. A falta de comunicação, a falta de liderança e os bastidores do clube criaram um clima de tensão na torcida.
Durante a criação da já extinta Super Liga Europeia em 2021, novos protestos explodiram. Contudo, a atitude da diretoria em participar de uma nova liga pouco surpreendeu os torcedores. Enquanto outros times focaram seus protestos na desfiliação da nova liga, os adeptos do United focaram em uma frase: Glazers out!
Portanto, os torcedores do United perceberam que abrir mão de todo o controle do clube em nome do dinheiro talvez não seja a melhor ideia. Agradar a torcida nunca foi a prioridade do clube-empresa. Por isso, o descontentamento. Nem sempre quem compra um clube prioriza o resultado esportivo. É o caso dos Glazers. Contudo, ainda existem outros exemplos. Entre os mais recentes, o Liverpool e o Newcastle United.