- Botafogo e Vasco se enfrentam em busca dos melhores objetivos no Brasileirão O Estádio Nilton Santos recebe Botafogo e Vasco pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, nesta terça-feira (05). - 5 de novembro de 2024
- “A torcida do Botafogo que me colocou ali. Nós somos um grande amor!”, diz Fernanda Maia Fernanda Maia é locutora do estádio do Botafogo desde 2019 - 5 de julho de 2024
- Almada desembarca no Galeão para se apresentar no Botafogo Thiago Almada se torna a contratação mais cara da história do futebol brasileiro, superando Luiz Henrique, também do Botafogo. - 4 de julho de 2024
Levantamento feito pela Folha de São Paulo revela que 23% dos atletas que liberam os comentários em suas fotos receberam ao menos uma mensagem racista nesta temporada. Número gera boicote às redes sociais.
Mono (macaco em espanhol), neguinho, figurinhas de banana, macaco e gorila. Comentários frequentes nas redes sociais de jogadores negros. Após uma semana de boicote, o jornal Folha de São Paulo decidiu fazer um levantamento de comentários em contas abertas do Instagram.
Levando em consideração apenas as cinco principais competições europeias, ou seja, descartando países extremamente racistas como a Rússia por exemplo, a Folha monitorou todos os jogadores brasileiros que sofreram algum comentário racista no Instagram.
Entre os 105 jogadores brasileiros, 18 trancaram suas contas ou restringiram os comentários em suas fotos. Desses 87 que mantiveram suas contas livres, 20 receberam no mínimo um comentário de cunho racista nessa temporada (desde agosto de 2020). Por isso, a quantidade de atletas restringindo os comentários aumentou. Entre eles, está o craque Neymar por exemplo, que sofreu ofensas racistas ao lado de Marquinhos após a derrota para o Manchester City.
Boicote às redes sociais
A partir de situações como essa, o futebol inglês (clubes, federações, associações de atletas, torcedores e emissoras de TV) iniciou no final do mês de abril (30), um boicote de quatro dias às redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter). Após o anúncio, o grupo de apoio aumentou, contando com a FIFA e a UEFA. Contudo, o apoio não ficou apenas no futebol. Lewis Hamilton e atletas de diferentes esportes também aderiram ao boicote.
Segundo o próprio Twitter, desde o inicio da temporada no Reino Unido, houve 30 milhões de postagens sobre futebol, sendo 7 mil removidas por violações das regras da empresa. Já as empresas de Mark Zuckerberg (Facebook e Instagram), disseram que, entre outubro e dezembro de 2020, as plataformas identificaram 33 milhões de discursos de ódio, sendo que 95% deles foram encontrados antes que qualquer denúncia fosse feita.
Leia mais:
- Poder e representatividade negra no esporte
- O contrato profissional como “cale-se” do posicionamento social
O racismo em números e a fonte do ódio
Entretanto, sabemos que as redes sociais estão longe de atingirem o bom convívio e o respeito. Voltando ao levantamento feito pela Folha de São Paulo, um a cada cinco brasileiros na elite do futebol europeu, sofreu racismo nas redes sociais. Entre os países analisados, a Espanha lidera os casos de racismo com 46,6%. Entre os 15 brasileiros com Instagram aberto na La Liga, 7 sofreram comentários racistas. Entre os brasileiros do Real Madrid, apenas Eder Militão não foi um alvo. Ou seja, Vinicius Jr, Marcelo, Rodrygo e Casemiro sofreram discriminação.
Para Marcelo Medeiros, diretor-executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, a quantidade de ofensas tem relação com a postura de governantes.
“O aumento do discurso de ódio vindo de líderes como presidentes e primeiros-ministros, no Brasil e no exterior, encoraja os torcedores para que eles se sintam à vontade para proferir esses discursos de ódio”. – afirmou ao jornal.
Foi o caso de Marcelo. “Da favela e contra as ideias do seu presidente, bem coisa de n….”, comentou um torcedor espanhol para o lateral do Real Madrid.
A lista do levantamento da Folha termina com os seguintes números: na França, 33,3% dos jogadores brasileiros receberam ofensas racistas, na Inglaterra, 24%, na Alemanha, 16,6% e na Itália, 4,3%.