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Em entrevista para a PressFut, Paulo Ribeiro falou sobre sua carreira e detalhou como funciona a profissão do psicólogo do esporte. Com mais de 30 anos trabalhando em grandes clubes, ele pôde acompanhar diversas evoluções tanto da psicologia, quanto dos clubes e suas estruturas.
Com mais de 30 anos de carreira, Paulo Ribeiro acompanhou de perto toda a evolução da psicologia no esporte brasileiro. Ainda nos anos 80, começou sua carreira no Vasco da Gama, em uma época que o psicólogo do esporte não era referendado. Posteriormente, durante os seus 22 anos no Flamengo, a categoria foi enfim reconhecida. Atualmente, Paulo trabalha no Botafogo e contou um pouco sobre a sua atuação.
Para começar a entrevista, destaco um trecho de uma crônica de Nelson Rodrigues, publicada em 1956.
“… De fato, o futebol brasileiro tem tudo, menos o seu psicanalista. Cuida-se da integridade das canelas, mas ninguém se lembra de preservar a saúde interior..”
- Uma frase que poderia ser utilizada apenas para lembrar de um passado distante, infelizmente, ainda pode ser considerada atual. Como você enxerga a preocupação (ou a falta dela) com o psicológico de uma equipe de futebol no Brasil?
Você começou contextualizando a preocupação ou a falta dela com o psicólogo de uma equipe de futebol no Brasil citando um clássico. E essa frase é sim muito do que de fato ainda é hoje em relação ao que as pessoas pensam sobre a parte mental de um atleta. Eu digo parte mental mas na verdade não é nem o termo que eu gosto de usar. Eu só uso didaticamente para que as pessoas entendam o que eu quero dizer, que eu estou me referindo efetivamente ao mental.
Então, isso já foi muito pior, eu comecei minha carreira tem 34 anos, em 1986, no Vasco da Gama, poxa, 34 anos atrás e você receber num clube eminentemente português, um psicólogo, que na época nem se conhecia a questão da psicologia do esporte, era apenas psicólogo para trabalhar no futebol, então ficava um pouco complicado para as pessoas entenderem naquele momento quais eram as funções daqueles profissionais. E confesso que até para nós mesmos, na época, conseguir saber o que fazer, porque a bibliografia que a gente tinha e as referências nossas eram sempre estrangeiras. Não existia ainda uma psicologia fundamentada para o Brasil e muito menos uma psicologia do esporte.
Para se ter uma ideia, a especialidade psicologia do esporte, só foi desenvolvida e referendada pelo nosso Conselho Federal, no ano de 2001. Então é muito recente essa especialidade dentro da psicologia geral. Então você já imagina a dificuldade que as pessoas tinham e nós também enquanto profissionais, de como manejar com todos esses elementos que a gente via pela frente.
E hoje, eu enxergo de uma forma muito mais favorável com relação ao entendimento das pessoas, mas muito em função do que os próprios atletas foram relatando ao longo das suas carreiras. Quando a gente pensa em um atleta de alto rendimento, que o futebol é, a gente pensa e relaciona esse atleta a um mito, que nada pode atingi-lo porque ele é forte fisicamente falando. Mentalmente falando não levam em consideração ou não se levava tanto, até que as coisas começaram a acontecer e a pressão enorme que o futebol exerce por resultados, foi deixando algumas pessoas doentes, e isso veio a mídia, veio à tona, e as pessoas começaram a tomar ciência de que existia alguma coisa que precisava de um certo cuidado maior que não se levava tanta consideração. Portanto, dito isso, eu acho que a gente hoje enfrenta um cenário muito mais favorável com relação ao psicológico do que há 34 anos atrás quando eu comecei por exemplo.
- O que faz exatamente um psicólogo do esporte?
Primeiro a gente precisa fazer as pessoas entenderem a diferença de um psicólogo clínico e um psicólogo do esporte. Isso é muito importante. Porque a imagem que as pessoas têm de um psicólogo, é daquelas pessoas que tratam de malucos, que tratam de doença mental, então, esse estigma marcou e ainda marca muito da efetividade do nosso trabalho por conta dessa negação que as pessoas têm com relação com o que é emocional.
E sem contar que o futebol é um esporte eminentemente masculino, né, hoje essa história muda um pouco, mas se tratando de gênero, o masculino ainda é predominante. E o homem foi ensinado ao longo do seu desenvolvimento, a suprimir emoções, tipo: “homem não chora”, “homem não pode sentir dor”, “você não pode demonstrar isso as pessoas”. E assim, esse “aprendizado” se perpetuou dentro do esporte. Então ao longo de muitos anos, era muito difícil um jogador dizer que estava triste ou com depressão, isso tornava ele vulnerável. Tudo isso, juntando com o estigma e a ideia que as pessoas têm ainda de uma certa forma, que psicólogo é coisa pra maluco, deixou a psicologia um pouco afastada da atividade esportiva. E aí que entrou a psicologia do esporte para se diferenciar desse psicólogo clínico, para dizer que não faz tratamento mental dentro do esporte.
A psicologia ou psicólogo do esporte vem atender uma demanda que é relativa ao desporto, ao desempenho, à performance. E dentro desse cenário, dessas temáticas voltadas para o rendimento, a gente conseguiu elencar algumas questões que são legais e muito importantes de serem levadas em consideração no momento que se está competindo. São elas por exemplo: atenção, concentração, medo, ansiedade, o suar das mãos… Então a gente começou a perceber que existiam algumas valências parecidas em termos de importância, com valências físicas. E que essas pessoas treinavam essas valências físicas, com o preparador físico. A psicologia do esporte vem propor que a gente treine e faça com que as pessoas entendam essas valências mentais que eu falei, e comecem a perceber que aquilo tudo estaria em jogo no momento em que você está disputando uma partida, porque muitas emoções são afloradas quando você está jogando.
Então essa diferenciação entre o psicólogo clínico e o psicólogo do esporte, ela precisa ser muito bem esclarecida para que as pessoas consigam perceber que o trabalho que se desenvolve no esporte, não é um trabalho de cuidar de transtornos mentais.
- Existe uma resistência visível dos clubes de futebol quanto ao universo da psicologia. Mas e os jogadores, conseguem abrir suas experiências e sentimentos de forma proveitosa?
Sim, é uma verdade. Muitas pessoas ainda alimentam a ideia de que o psicólogo do esporte vai escutar alguma coisa particular da vida de um atleta e vai passar isso para alguém. Porque a gente sabe que a gente tem uma determinada ética que tem coisas que a gente pode levar adiante, e outras não. E esse domínio que as pessoas acham que o psicólogo tem e que tá acontecendo no ambiente, é uma falácia. Porque na verdade o psicólogo ele é mais um membro dentro da comissão técnica, que se juntou a outras ciências do esporte que lá já estavam para tentar dar conta do que se pode melhorar do desempenho de um atleta.
“Os jogadores hoje conseguem entender que o psicólogo do esporte está ali, para melhorar a sua experiência emocional. Para fazer com que a sua experiência emocional aliada a técnica e habilidade que ele tem, para ele seja mais proveitoso e gratificante, fazendo ele tirar mais dessas experiências.”
E aí eu citei isso na minha resposta anterior, falando sobre valência emocionais relacionadas a atenção, concentração, aos processos cognitivos, a melhorar sua inteligência emocional e tudo mais. Enfim, com relação aos clubes, essas são as dificuldades.
Em relação aos jogadores, eles hoje conseguem entender que o psicólogo do esporte, ele está ali, para melhorar a sua experiência emocional. Para fazer com que a sua experiência emocional aliada a técnica e habilidade que ele tem, para ele seja mais proveitoso e gratificante, fazendo ele tirar mais dessas experiências. Então explorar esse universo das experiências e das emoções de cada atleta, para eles está sendo cada vez mais proveitoso e eles estão conseguindo de uma certa forma se abrir muito mais com relação a esse assunto.
- Nos últimos anos vimos jogadores se afundarem na depressão e até pararem de jogar por isso, como foi o caso do Nilmar. Entretanto, pouco se discute esse tema no futebol. A depressão ainda é um tabu muito grande a se tratar no futebol?
Vou discordar um pouco quanto a discussão sobre esse tema no futebol, pois é muito falado tanto nas universidades quanto nos encontros de congressos como no dia a dia do futebol. A depressão ainda sim é um tabu, difícil de ser entendida por outras pessoas, mas ela já passa a fazer parte das possibilidades de acontecimentos em determinados jogadores. Porque as pessoas começam a perceber que a demanda e a pressão por resultados, por vezes ultrapassa o humano, elas deixam o humano em segundo plano. Nenhum atleta que vai jogar o seu futebol, está deixando em casa o seu lado pessoal, ele vai junto com o seu trabalho e o seu desempenho.
Hoje, é sim um tema que é levado bastante em consideração, as pessoas estão mais sensíveis a ele, claro que ainda é um tabu e que a gente ainda vai levar muito tempo. Como falei, eu estou a 34 anos nisso e só de alguns anos para cá, alguns atletas estão deixando claro para as pessoas e para a mídia de modo geral, de que eles passaram por esses processos depressivos e que isso os penalizou em determinado momento da sua carreira. Então isso eu não imaginava algum tempo atrás, hoje a gente já tem pessoas falando sobre isso.
Daqui a pouco a gente já vai entender, que cuidar do mental, é produzir situação de saúde para um ativo que o clube tem. O atleta é um ativo do clube. Quanto mais você municiar esse atleta de saúde mental e física, você está valorizando o ativo que você tem. Hoje o viés de entendimento para esse assunto é por aí.
- O Estatuto da Criança e do Adolescente, juntamente com a Lei Pelé, exigem que os clubes ofereçam suporte psicológico para os jovens atletas nas categorias de base. Mas assim como em muitas outras situações, os clubes contratam psicólogos apenas para não serem punidos. O quanto essa mentalidade de fazer por obrigação prejudica o desenvolvimento das próprias joias de um clube?
É obrigatório e a maioria dos clubes tem. Então assim, nos 3 clubes que eu trabalhei e nos clubes que eu conheço pelo Brasil, de colegas meus que trabalham, todos tem uma atuação na base do trabalho psicológico e social. É claro que quando essa mentalidade estiver totalmente imbuída na relação financeira que o clube tem com determinados atletas, eu acho que isso vai ficando mais forte, mais marcante. E cai naquela história dos ativos que os clubes têm, principalmente os atletas que são criados nas categorias do clube.
Então assim, eu vejo um cuidado sim, pelo menos nos grandes clubes, com os atletas que estão em formação. É uma tendência que os clubes se balizem até financeiramente falando, nos atletas que tem na base. Eles são os ativos que podem ajudar muito financeiramente o clube em determinado momento.
- Existe uma conexão na metodologia da psicologia entre profissional e base ou são coisas muito distintas?
Claro que existe uma conexão da metodologia da psicologia entre profissionais e base. A ideia é que os atletas que venham da base já venham com o perfil traçado pelo serviço de psicologia e pela identidade do clube, da instituição. A gente meio que trabalha em conjunto na sequência do desenvolvimento desses atletas. Sendo que, quando a gente chega no profissional, o nosso método de trabalho, ele já não é tanto mais no sentido da orientação e da educação emocional. É no sentido de a gente fazer com que aquelas valências que eu falei lá em cima, sejam experienciadas de forma positiva no atleta para que ele consiga desempenhar bem sua função. Então a exigência de um treinamento psicológico para esses atletas do profissional, é muito mais forte do que um treinamento nas categorias de base. Na base a gente está ensinando o atleta a ter uma melhor experiência dentro do aspecto mental. No profissional a gente está exigindo que ele tenha a partir dessa experiência, o melhor desempenho possível. Essa é a pequena diferença que existe.
- Em nosso site, já falamos inclusive das dificuldades enfrentadas por jogadores ao mudarem de país e de cultura (clique aqui para ler). Muitas vezes os lados políticos e sociais não são levados em consideração quando um jovem vai jogar em algum clube de fora, o que acaba alimentando uma ansiedade quase natural. Seria recomendável, além de um psicólogo nos clubes, um psicólogo individual para a carreira de cada jogador? O ideal seria todo mundo ter o seu próprio psicólogo?
Isso é uma verdade. Existe uma ansiedade muito maior por uma nova cultura, por uma adaptação, por uma validação do ponto de vista do cérebro para uma nova realidade que ele vai encontrar, se vai ser boa ou não. Essa ansiedade, que é uma coisa relacionada ao futuro, ela se faz muito presente. Porque ele não sabe o que vai encontrar e se vai se adaptar. Existe jogadores que não conseguiram se adaptar à realidade do país para o qual eles foram jogar. Então sim, seria recomendável que além dos psicólogos que os clubes já têm, que esses atletas que têm um problema mais acentuado, consiga ter um acompanhamento mais individualizado.
E assim, esse acompanhamento mais individualizado, ele até pode ser feito pelo psicólogo do clube, mas é bem indicado que se for um nível de ansiedade muito elevado, que ele faça um trabalho a parte. Esse que seria o ideal.
- Em 2014, o zagueiro Thiago Silva ficou muito marcado pelo choro antes da disputa de pênaltis contra o Chile, na Copa do Mundo. Aquela descarga de emoção é algo natural, que pode acontecer a qualquer momento ou é algo que pode ser evitado com acompanhamento?
Muitas coisas estavam em jogo ali naquele instante, e assim, quanto mais experiência um atleta tem ao longo de sua carreira, mais fácil para ele é regular o seu comportamento emocional. Pelo menos teoricamente falando. As experiências vão servindo para que eles consigam controlar a sua emoção. E é necessário que ela seja controlada, pois eu não posso estar emocionado ao extremo e também não posso estar emocionado muito aquém do necessário. É preciso encontrar o equilíbrio. Como se encontra esse equilíbrio? Com a experiência que a gente vai desenvolvendo e com a ajuda de um profissional qualificado dentro da área mental. Eu não estava lá, não posso afirmar, mas acredito que faltou um pouquinho desse acompanhamento mais individualizado.
- São mais de 30 anos como psicólogo do esporte, com passagem por Vasco, 22 anos de Flamengo e atualmente trabalha no Botafogo. De alguma forma deve ter algum momento que te marcou mais ao longo dessa carreira dentro do futebol. Qual seria?
Muitas coisas me marcaram. A gente saiu do nada para hoje ter psicólogo em um monte de lugar. Para mim isso é uma coisa muito marcante. Só para ter uma ideia, no Ciclo Olímpico de Londres, em 2012, eram dois psicólogos do esporte para cuidar de duzentos e tantos atletas. No nosso Ciclo Olímpico aqui no Rio de Janeiro em 2016, já foram 30 psicólogos do esporte para cuidar dos mesmos duzentos e poucos atletas. Então esse crescimento exponencial da minha profissão, ligada ao esporte, é o que me deixa muito feliz. Eu consegui ao longo de muito tempo, são 34 anos, marcar uma posição da psicologia do esporte.
E essa marcação ela é política. Sendo política, eu preciso criar situações e abrir caminhos para determinadas coisas e pessoas. E eu acho que isso eu consegui fazer junto com a minha amiga Maria Helena, que trabalhou comigo no Vasco. A gente começou juntos lá e ela ficou 30 anos no clube. Então a gente meio que conseguiu abrir caminhos para que as pessoas pudessem entender o que é o trabalho, aceitar o trabalho e aumentar o número de profissionais.
Hoje a gente tem até uma associação de psicólogos do esporte só do estado do Rio de Janeiro. E são mais de 50 profissionais inscritos nessa associação. Então é muita coisa, mudou muito nesse sentido. Talvez isso tenha sido o que mais marcou minha carreira, mas claro que existiram de forma pessoal, alguns dados e situações que me marcaram muito, mas não vem ao caso aqui, prefiro falar em termo da minha categoria que foi o que de fato mais me deixou feliz.
- Durante esse período muita coisa mudou, desde a estrutura dos clubes até a própria psicologia. O que você mais sentiu diferença?
De fato, a psicologia do esporte mudou muito ao longo desses 34 anos de trabalho que eu tenho. E eu mudei junto com ela. E quando é que eu mudei e o que me fez mudar? Um tema muito estudado desde a década de 90 pra cá, que é a neurociência. Quando eu consegui encontrar algumas respostas para determinados comportamentos dos meus atletas, entendendo o modo de funcionar do cérebro, essa diferença foi marcante e mudou tudo na minha vida. Mudou meu olhar sobre o atleta, a forma como encaro o trabalho da psicologia, deixou a psicologia do esporte menos estigmatizada. Quando a gente fala de cérebro a gente já mobiliza a atenção do atleta. Então, a neurociência veio se juntar a psicologia do esporte e trazer muitos subsídios para que a gente pudesse hoje dar conta de muitos comportamentos que os atletas apresentaram.
- O contato com os jogadores é mais em grupo ou individualmente?
Depende da demanda que eu tenha. Se for uma demanda de grupo, que eu tenha um grupo difícil de trabalhar, que tenha muitos problemas de relacionamento, a minha demanda maior vai ser voltada para esse trabalho. Para que eu possa fazer com que esse grupo interaja. E aí cabe uma observação bacana: muitas pessoas pensam que a gente vem formar uma família no grupo. Isso é um raciocínio totalmente equivocado, porque a gente tem pelo menos no profissional, 30 atletas. Então são 30 pessoas com 30 cabeças diferentes, vindas de lugares diferentes, com ideias diferentes, pensamentos diferentes, modos de criação diferentes, e eu preciso fazer isso tudo conversar, isso tudo agir em prol de uma instituição. Quando o meu trabalho demanda atividades de grupo, eu vou desenvolver e fazer com que essas pessoas se entendam dentro do grupo para desenvolver uma tarefa e atingir um objetivo. Independente se eles se relacionam ou não fora do clube, se eles são uma família ou não. Não quero que eles saiam para jantar todos os dias, uns até tem afinidades maiores uns com os outros, mas isso não é uma condição para que o trabalho aconteça. A condição é que o grupo seja transformado em uma equipe. Eu costumo falar que a gente inicialmente tem uma horda e com o trabalho que a gente vai organizando, a gente vai montando um grupo de pessoas.
- Se sente realizado como psicólogo do esporte?
Eu não posso dizer que não me sinto. Eu trabalhei no Rio de Janeiro nos 3 grandes clubes, hoje estou no Botafogo e isso não acontece atoa. Se a gente é requisitado para um trabalho, se a gente é requisitado para uma entrevista como você está me dando essa oportunidade agora, é porque a gente deixou escrito alguma história. Então, a minha história na psicologia do esporte, assim como a Maria Helena, que começou comigo no Vasco, ela está marcada. Então é uma realização, não deixa de ser uma realização. Mas eu ainda tenho muita ânsia de algumas coisas para realizar, ainda tenho o sonho de ver cada clube trabalhando muito com os psicólogos do esporte, ainda sonho que as pessoas tenham menos preconceito, que as pessoas conheçam mais, estudem mais. E isso já está acontecendo, então só vou deixar de sonhar no dia que eu morrer.