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Seleção Brasileira sofre dilema com a bola parada

Daniel Dutra
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Com o time convocado por Tite, o Brasil estreia nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 no dia 27, contra a Bolívia. Entre caras novas e um grupo unido, é preciso dar atenção ao quinto momento, a bola parada da Seleção Brasileira é um dilema.


No futebol atual, a evolução tática e técnica faz com que as equipes busquem estratégias detalhistas para furar a barreira de marcação e fazer o gol. Com isso, as bolas paradas se tornam mais do que nunca um momento do jogo, chamado de quinto momento.

Momento ofensivo, momento defensivo, momento de transição ofensiva, momento de transição defensiva e o momento das bolas paradas. Há ainda quem divida esse último momento em ofensivo e defensivo, mas a discussão agora não é essa.

Tendo em vista essa estratégia, algumas seleções se destacam nesse momento, mas a Seleção Brasileira vive um certo dilema. Como a bola parada engloba jogadas de escanteio, cobranças de falta, pênaltis e até arremessos laterais, é preciso analisar todas essas cobranças.

A seca que durou meia década

Marcado por ter grandes cobradores, o Brasil não fazia gol de falta desde setembro de 2014, quando Neymar marcou em amistoso contra a Colômbia. Depois disso, a equipe canarinha só voltou a fazer gol de falta 5 anos mais tarde, no último amistoso do ano passado, com Philippe Coutinho contra a Coréia do Sul. Em jogos oficiais, o jejum é um pouco maior, pois ainda se mantém, o último gol foi de David Luiz, na Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

Ao decorrer desse tempo, discussões sobre a qualidade dos cobradores de falta ficaram marcadas. Como lembrado acima, sempre tivemos bons nomes, e por mais que essa seca durasse, não era por falta de técnica. No meio desse tempo, Neymar e William chegaram a ter os melhores aproveitamentos em cobranças de falta na Champions League. Já na Seleção, nenhum gol. É difícil tentar achar um motivo exato, mas as chances já caíam quando William, mesmo com ótimo aproveitamento em seu clube, nem chegava a cobrar faltas na seleção. Já Neymar e Coutinho, não há uma explicação assim.

Felizmente, o jejum foi quebrado no amistoso contra a Coréia do Sul, mas ainda falta quebra-lo em competições oficiais, onde realmente importa. As cobranças de falta são armas fundamentais que podem ser utilizadas de duas formas: a primeira, é com o tiro livre direto, onde pecamos durante anos, já a segunda, acontece em conjunto, com cruzamentos ou jogadas ensaiadas, que também são muito importantes.

Os pênaltis se tornaram um problema na bola parada da Seleção Brasileira

Seleção Brasileira vive um dilema nas bolas paradas. Crédito: Buda Mendes/Getty Images
Gabriel Jesus lamentando o pênalti perdido contra o Peru, na Copa América 2019. Crédito: Buda Mendes/Getty Images

Se tem um momento de jogo em que o brasileiro não fica confortável, é na disputa de pênaltis. A seleção sofreu eliminações marcantes e até precoces nessa situação nos últimos anos. Mas o aproveitamento não é de todo mal, lembrando inclusive, que os pênaltis são mais comuns durante os 90 minutos.

Falando nisso, em 2019, uma dúvida pairou no ar. Na ausência de Neymar (que tem um bom aproveitamento), o cobrador oficial passou a ser Gabriel Jesus, que durante sua carreira, havia cobrado 7 penalidades, perdendo 3. A escolha não foi das melhores, Tite poderia ter escolhido Coutinho, mas também não era nenhum absurdo, números normais de um atleta. Mas então, a coisa azedou. Durante esse período sem Neymar, Jesus teve duas penalidades pela frente, perdendo todas.

Entre a penalidade perdida na Copa América e a perdida no amistoso contra a Argentina, Gabriel Jesus mudou sua forma de cobrar pênaltis, porém, não deu certo. A primeira tentativa foi pelo Manchester City, contra a Atalanta na Champions League. De cara, errou. Logo depois, tentou pela Seleção e perdeu também.

Com isso, o atacante tem mais pênaltis perdidos do que feitos na carreira, um aproveitamento de 44,4%. Em 9 pênaltis batidos, 4 (nenhum pela seleção) foram convertidos e 5 (2 pela seleção) foram perdidos. Já em disputas de pênaltis, o aproveitamento é de 100% com 6 gols em 6 cobranças.

Olhando esses números, Tite precisa repensar os cobradores oficiais da Seleção para essa temporada, onde teremos Copa América e Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 pela frente. O aproveitamento nos treinos até que é importante, mas o fator jogo também é fundamental.

Arma secreta e vingativa

A bola parada da Seleção Brasileira é uma arma e um desafio. Créditos: Lucas Figueiredo/CBF
Treino de bola parada da seleção brasileira durante a Copa do Mundo de 2018. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O melhor aproveitamento do Brasil vem das cobranças de escanteio, uma arma secreta no ataque que já gerou metade dos gols feitos pela seleção depois da Copa do Mundo de 2018. Inclusive, jogadores como Thiago Silva admitiram essa jogada ensaiada.

“Estamos trabalhando ofensivamente e defensivamente. Ficamos muito felizes porque tudo isso é preparado antes. Quando você vê a resposta, dá uma satisfação enorme. Mas vamos falar baixo e tentar continuar fazendo a mesma coisa nos outros jogos.” – Thiago Silva ao jornal O Globo.

Entretanto, esse aproveitamento não vem se repetindo na defesa. Ou melhor, até vem, mas negativamente. Nesse caso, a maioria dos gols sofridos pela seleção foram de bola parada, principalmente de escanteio. O cruzamento na área do Brasil ainda é um detalhe que vem prejudicando o bom rendimento defensivo da equipe.

Mesmo com uma arma secreta em nossas mãos, ao todo, ainda sofremos bastante com o desempenho nas bolas paradas. Com poucos treinos, ajustar detalhes mínimos é sempre um desafio para o técnico. Com as eliminatória e a Copa América, talvez a frequência ajude nesse quesito.

A bola parada da Seleção Brasileira precisa ser ajustada.

Daniel Dutra

Jornalista em formação e apaixonado por esportes. Juntei essas duas paixões para produzir conteúdo e valorizar a comunicação criando um portal para levar informação e gerar oportunidades.
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