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Enquanto os campeonatos não voltam, vamos relembrar um pouco do que aconteceu no Botafogo em 2020 até a paralisação por conta do novo coronavírus. Troca de técnico, classificações sofridas e mudança no sistema tático foram alguns dos destaques.
Para falarmos de 2020, precisamos ir até 2019. Após a demissão de Eduardo Barroca, a diretoria do Botafogo optou pela contratação de Alberto Valentim, então lanterna do Campeonato Brasileiro pelo Avaí. A torcida não gostou da contratação, mas ficaria ainda mais irritada ao ver que o técnico continuaria na próxima temporada.
E assim ficou. Um planejamento horrível por parte dos cartolas que apenas fez-se perder tempo. O Botafogo foi derrotado em apenas um jogo no comando de Valentim nesse ano, no clássico que terminou 3 a 0 para o Fluminense. Entretanto, acima dos resultados, estava o baixo desempenho da equipe, que não evolui nada de um ano para o outro, mesmo com uma pré-temporada prolongada.
Agora sim podemos enfim chegar a 2020, com a demissão de Valentim e a contratação de Paulo Autuori, que foi campeão brasileiro pelo clube em 1995. Com a chegada do treinador, formou-se um trio que estava presente na época: Paulo Autuori, Montenegro e Valdir Espinosa, que acabou falecendo em fevereiro.
Com pouco tempo antes da estreia contra o Náutico, em jogo único pela Copa do Brasil, Autuori mudou bastante a equipe. Primeiro, saiu do 4-3-3 e foi para o 4-2-3-1. Com desfalques como Carli e Pedro Raul, estreou Ruan Renato na zaga e improvisou Cícero como centroavante. Além disso, jogou com dois laterais-esquerdos, mais precisamente, com Danilo Barcelos no meio de campo, fazendo uma dobradinha com Guilherme Santos.
O Botafogo se classificou, mas assim como na primeira rodada, com um empate sofrido.
Do 4-3-3 para o 4-2-3-1 de Paulo Autuori
Pensando nas peças disponíveis, o sistema tático adotado pelo Botafogo de Paulo Autuori talvez seja uma das melhores opções. Em paralelo, podemos lembrar do time de 2013, comandado por Oswaldo de Oliveira, que usava a mesma formação. Na época, uma das armas do time era a alternância de lado dos meias abertos. Majoritariamente, Lodeiro começava aberto na direita e Vitinho na esquerda, contudo, durante os jogos, eles alternavam constantemente de lado, confundindo a defesa adversária.
Nesse Botafogo, talvez não seja tão fácil assim repetir aquela situação. Primeiro, pela qualidade do elenco, segundo pela idade mais avançada de Honda, e terceiro, pelo caguete de Luís Henrique, que ainda fominha, não tem uma finalização tão madura, pois precisa ser melhor desenvolvido. Mas isso ainda é o de menos, pois a preocupação do Botafogo na verdade está mais atrás.
Com uma zaga ainda não definida e em busca de um titular absoluto, três jogadores já atuaram ao lado de Marcelo Benevenuto, e o então capitão Joel Carli, não deve ter continuidade no clube. Nas laterais, mesmo com contratações, ninguém agrada a torcida. Chegando um pouco mais na frente, falta um volante de marcação.
Problemas técnicos
Em meio a essa situação, um enorme buraco apareceu entre a linha de defesa e a linha de meio de campo da equipe, gerando mais ataques adversários e consequentemente dificultando a atuação da defesa. Thiaguinho e Cícero, que jogaram como primeiro volante, não conseguiram dar conta, resultando inclusive, na dispensa de Thiaguinho e uma possível dispensa de Cícero, que assim como Carli, não deve ter continuidade no clube.
Com isso, forçou-se uma titularidade de Caio Alexandre, jovem da base que vinha entrando bem e mudando o resultado de algumas partidas. De certa forma, pode-se dizer que a equipe melhorou com ele, entretanto, é cedo demais para jogar a responsabilidade toda no colo de alguém que está tendo suas primeiras oportunidades na carreira.
Ligado nessa questão, depois de negociar com Yaya Touré, que não faz essa função especificamente, o clube de General Severiano foi atrás de Obi Mikel, que aí sim, se encaixaria perfeitamente nessa situação. Volante marcador e com bom passe, Mikel traria o equilíbrio que o time precisa nesse buraco que liga as linhas de defesa e meio campo.
Essa é a primeira temporada em muitos anos em que a preocupação do Botafogo é mais o setor defensivo do que o setor ofensivo. Se não fosse a base, que vem revelando grandes zagueiros, a situação seria ainda pior. Benevenuto por exemplo, acabou virando um líder dentro de campo, chamando atenção do posicionamento errado de seus colegas de equipe.
A dificuldade na marcação é tanta, que o líder de desarmes do time na temporada é Bruno Nazário, o meia de criação.
Os destaques do Botafogo em 2020
Sem dúvida nenhuma, existe uma expectativa muito grande encima de Honda, o jogador mais midiático da equipe. Entretanto, com apenas um jogo, não dá para coloca-lo como destaque. Diferente dele, Bruno Nazário disputou todos os jogos da equipe titular e mantém ótimos números.
Vivendo seu melhor momento, Nazário é um dos jogadores mais regulares do time. Ao lado de Pedro Raul, formou a dupla mais entrosada do elenco. Mesmo com a chegada de Honda, não tem como tira-lo de campo, por isso, a formação em 4-2-3-1 é uma boa opção, permitindo que os dois joguem juntos.
Outro que se destaca, é Marcelo Benevenuto, que mesmo em meio ao caos defensivo, é um poço de qualidade. Rápido, forte e preciso, consegue jogar por três ao mesmo tempo. Situação que precisa mudar.
Portanto, entre problemas, rumores de contratações e paralisação do futebol, é realmente necessário contratar algumas peças. Se for do cacife dos especulados, será perfeito, mas ainda não supriria as necessidades do elenco. Para o clube almejar alguma coisa, precisa de um volante, um sistema defensivo novo e muita organização tática.