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Efeito Jesus: clubes brasileiros buscam nos gringos o técnico ideal

Jorge Jesus não revolucionou o futebol brasileiro dentro de campo, mas mudou a mentalidade de alguns dirigentes, gerando o “Efeito Jesus”. Mesmo assim, é muito cedo para diagnosticar qualquer atitude, pois conhecendo nossos cartolas, é bem possível que tudo não passe de um jogo de aparências, o famoso “fazer por fazer”.


A última temporada brasileira ficou marcada por treinadores estrangeiros no topo das competições. O Argentino Jorge Sampaoli levou o Santos ao vice-campeonato brasileiro, mas viu o chara Português Jorge Jesus, conquistar o título nacional e a tão sonhada Libertadores.

Mesmo o Flamengo sendo campeão com recorde de pontos, a disputa em campo foi boa. A disparidade entre as equipes era, e ainda é notável. Enquanto Jesus possui um elenco milionário com craques advindos da Europa, o Santos terminou o ano brigado com o técnico por falta de verba para montagem do elenco. Ainda assim, terminou em segundo, na frente de outro milionário, o rival Palmeiras, então comandado pelo experiente Felipão.

Depois das conquistas gringas em terras tupiniquins, criou-se uma “nova renovação” nos cargos de treinadores. O Avaí, rebaixado para a Série B, foi o primeiro a trazer outro técnico português: Augusto Inácio.

Era provável que isso aconteceria, não é a primeira vez em nossa história, mas agora, está acontecendo com mais força. Entre os clubes considerados grandes chegaram: o português Jesualdo Ferreira, que se aposentaria mas resolveu ir para o Santos; Rafael Dudamel, que deixou o cargo na Seleção Venezuelana para acertar com o Atlético Mineiro e Eduardo Coudet, argentino que fechou com o Internacional.

Qual o motivo do efeito Jesus?

Efeito Jesus: Jesualdo Ferreira é o novo treinador do Santos. Ivan Storti/Santos FC
Jesualdo Ferreira é amigo de Jorge Jesus e um técnico consagrado. Ivan Storti/Santos FC

Após a demissão de Abel Braga, extremamente criticado pela torcida rubro-negra, a diretoria do Flamengo apostou em uma escola de treinadores mais avançada. O europeu Jorge Jesus chegou balançando as estruturas da Gávea. Colocou ponto digital para os atletas, pediu mudanças no centro de treinamento e deu trabalho ao departamento médico – que se saiu muito bem – após aumentar a intensidade do time.

Dentro de campo, os resultados também melhoraram, aliás, bateram recordes. O Flamengo foi campeão brasileiro jogando o futebol mais bonito do país e, de quebra, conquistou a América depois de 38 anos.

Foram 6 meses intensos para Jesus e o clube carioca. Ele fez um trabalho de se aplaudir, mas nada fora de série ou, nada que já não tivéssemos visto antes com outros treinadores brasileiros.

O fato é que ele virou um espelho para os times no momento atual. Ficou evidente que a escola portuguesa é mais avançada que a brasileira e, a partir daí, é possível sair de um looping onde os clubes trocam os mesmos técnicos sempre.

Porém, com a chegada de novos estrangeiros, não fica muito claro se realmente existe uma preocupação ou se tudo não passa de um status.

Qualidade de trabalho ou status?

Não dá para saber exatamente as pretensões dos clubes, mas pelo menos na Série A do brasileirão, todos os treinadores gringos contratados possuem um bom currículo e vieram depois de bons trabalhos.


Entretanto, enquanto europeus são idolatrados, sul-americanos sofrem xenofobia. A própria mídia esquece dos bons trabalhos por status. Dudamel, venezuelano, foi atacado de maneira extremamente preconceituosa depois de começar com resultados ruins.

Esse acontecimento mostra que nos preocupamos muito com estereótipos e, invés de discutir o trabalho, discutimos a nacionalidade, tentando de alguma forma posicionar um treinador em um discurso preconceituoso.

Por isso, vale a pena acompanhar essa temporada de técnicos gringos no Brasil, para que possamos saber quem realmente se importa, se de fato há uma preocupação com a evolução do futebol brasileiro ou se tudo não passa de um jogo de aparências.

Daniel Dutra

Jornalista e fundador da PressFut. Também atua no SBT e na Rádio Tupi.
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