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Sabemos bem que os clubes brasileiros estão afogados em dívidas, até mesmo quem esbanja contratações atualmente. É a partir dessa situação que os times usam suas promessas como desafogo. Até mesmo quem não quer sair acaba tendo que escolher o famoso “melhor para o clube”.
Clubes endividados enxergam em suas promessas a chance de mudar de vida. Alguns fazem isso com inteligência, outros, não sabem vender. Ainda assim, tentam de alguma forma lucrar com os jogadores da base. Felizmente, alguns como Flamengo e Goiás tem se destacado.
O Goiás por exemplo, é um ótimo vendedor de atletas, gerando mais lucro inclusive que times do famigerado “G-12”. Revelando muitos atacantes, o clube já faturou 13 milhões com Erik, 20 milhões com Bruno Henrique e, mais recentemente, 34 milhões com Michael, que reduziu em 90% a dívida líquida do Goiás, que passa a ser um dos times mais saudáveis financeiramente do país.
Isso mostra a importância do investimento na base e no scouting para salvar o próprio clube que, sem condições de brigar de igual para igual com os principais times do Brasil, se vira muito bem com o que pode ser feito e que normalmente é ignorado: o profissionalismo.
Entretanto, as vendas nem sempre são um bom sinal. Vemos a todo instante gigantes brasileiros vendendo suas joias para pagar salários atrasados ou outras dívidas urgentes. Em meio ao desespero financeiro, eles acabam reforçando times rivais com seus próprios talentos.
Há casos ainda piores, como no Botafogo, que além de vender jogadores da base para outros clubes brasileiros por um preço abaixo de seu valor real, não recebe o dinheiro da transferência, pois ele acaba sendo penhorado por conta de dívidas trabalhistas.
Seguindo no exemplo, um caso que pode ilustrar bem esse uso das promessas como desafogo, é o zagueiro Igor Rabello, vendido pelo Botafogo ao Atlético Mineiro. Em sua despedida emocionante pelas redes sociais, o atleta disse que estava indo embora para o bem do clube, que não conseguia pagar os funcionários.Isso limita até mesmo a vitrine que o clube pode ter fora do país.
Ao vender atletas para diferentes clubes brasileiros e continuar sem se organizar financeiramente, o mercado estrangeiro acaba não vendo valor em um jogador que saiu de um lugar com esse tipo de estrutura.
Percebemos que existem “jeitos e maneiras” de usar as revelações no mercado. A fama do clube interfere diretamente e pode prejudicar ou potencializar uma negociação. Hoje, o Flamengo é sem dúvidas um dos maiores vendedores de jogadores do Brasil. Reinier foi vendido recentemente por R$136 milhões ao Real Madrid. Valor que provavelmente não seria pago se o clube já não tivesse melhorado sua fama ao vender outros talentos como Vinicius Junior e Lucas Paquetá.
Façamos uma observação: o Barcelona monitorava Matheus Fernandes desde as categorias de base do Botafogo. No profissional, chegou a sonda-lo, mas só comprou depois que o volante já pertencia ao Palmeiras. Não é assim que o alvinegro conseguirá melhorar seu poder no mercado do futebol. O clube vendeu Matheus para o Palmeiras e, como citado anteriormente, o dinheiro da venda foi penhorado.
O futebol brasileiro precisa melhorar sua imagem. Dentro do país, exemplos como o do Goiás podem servir de inspiração para outros clubes que quiserem obter retorno com o investimento na base. Mas é preciso valoriza-los, e não apenas utiliza-los como faturas para pagamentos de dívidas curtas.