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Dados da ECA e do Datafolha apontam uma crescente perda de adeptos no mundo. Até mesmo o Brasil, conhecido como “país do futebol”, sofre com esse dilema. O interesse dos jovens pelo futebol vai dando lugar a novas tendências.
A Associação dos Clubes Europeus (ECA), mostrou recentemente, que 13% dos jovens entre 16 e 24 anos declararam “odiar o futebol”, enquanto 27% não tem “nenhum interesse” nesse esporte. Vale lembrar que o estudo foi feito na Europa, onde se pratica futebol no mais alto nível. A conclusão para esse desinteresse está ligada a esses quatro principais aspectos:
- Preferência por outros esportes (e-esportes, principalmente);
- Partidas muito longas (o tempo é cada vez mais escasso e é preciso despertar o interesse das pessoas em segundos);
- Falta de emoção nos jogos;
- Falta de um ambiente que favoreça a inclusão e a diversidade no mundo do futebol;
Isso liga um alerta para todos os stakeholders do futebol. Essa faixa etária analisada no estudo é extremamente importante no impacto dos negócios. Isso porque, ela é a faixa etária que está ingressando no mercado e destina boa parte de sua renda ao entretenimento. Ou seja, o futebol está perdendo espaço para outros entretenimentos. Por isso, é preciso mudar alguns conceitos e criar novas ofertas de valor para esses clientes. Como listado anteriormente, o mundo cada vez mais dinâmico, precisa chamar atenção de forma rápida. Como no futebol tem faltado emoção, uma hora e meia de jogo se torna tedioso.
O interesse dos jovens por futebol no Brasil
Entretanto, podemos nos perguntar: mas e o Brasil, conhecido como país do futebol? Bom, na verdade essa frase não passa de uma falácia. O Brasil é apenas o 13° país mais apaixonado pelo futebol. Um levantamento da “Nielsen Sports” mostra que os Emirados Árabes Unidos lideram o ranking dos países com maior percentual de apaixonados pelo esporte (80%), seguidos da Tailândia (78%), Chile, Portugal e Turquia (todos com 75%). O relatório ainda registrou um crescimento da popularidade do futebol em países como: China (de 27% em 2013 para 32% em 2017), Índia (de 30% para 45%) e Estados Unidos (de 28% para 32%). Até mesmo o Reino Unido, que conta com a maior liga de futebol do mundo (Premier League), está apenas na 17ª posição desse ranking.
Por aqui no Brasil, o “Datafolha” também foi pesquisar sobre o tema em 2018. Entre 29 a 30 de janeiro de 2018, 41% dos entrevistados disseram não ter interesse por futebol. Esse índice cresceu 10% desde abril de 2010. O grande interesse pelo futebol caiu de 32% para 26%, e o pequeno interesse caiu de 16% para 9%. Já o interesse médio, subiu um pouco, mas literalmente, bem pouco, de 22% para 23%. Esse interesse pelo futebol é menor entre as mulheres, nas quais 56% disseram não ter interesse em futebol. Entre os homens, o índice foi de 24%.
Outros motivos para a queda de adeptos
Além dos itens já citados no início da matéria, cada vez mais surgem outros empecilhos. Principalmente no Brasil, o valor do futebol não é nada acessível. O futebol não é o esporte das massas. Quem menos se interessa por futebol no Brasil, são as pessoas de menor poder aquisitivo, justamente a maior parte do país. Quem possui renda familiar de até dois salários mínimos, correspondem a 45% do desinteresse no futebol, já quem possui de dois a cinco salários mínimos, correspondem a 37% desse desinteresse. Até mesmo o desinteresse pela Copa do Mundo, onde muita gente vira patriota por alguns meses, aumentou. Em 2009, o desinteresse pelo Mundial era de 18%, em 2018 foi de 42%.
Os homens mais ricos são o que mais mostram interesse e os que mais vão aos estádios. Olhando de forma geral, apenas 20% dos entrevistados vão ao estádio. Mesmo número de jovens que jogam futebol. Em relação a frequência, 29% dessas pessoas costumam ir de forma regular. Entretanto, os estádios são perigosos para outros públicos, como discutido na última matéria (clique aqui para ler). Portanto, apenas 12% das mulheres disseram ir aos estádios. Entre as meninas que praticam o futebol, foram encontradas apenas 4%.
Alerta para o mercado do futebol
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Mesmo investindo, somente na última década em: Copa do Mundo, Copa das Confederações, Olimpíadas e Copa América, o Brasil vê uma queda eminente no consumo futebolístico. Por isso, o mercado do futebol não pode, de forma alguma, ignorar esses números do Datafolha. Se 41% dos brasileiros não tem interesse pelo futebol, é preciso traçar planos para driblar essa “crise”. O primeiro deles, é analisar os pontos fortes e os pontos fracos. Se as mulheres, por exemplo, são quem menos consomem o futebol, é preciso trabalhar melhor esse público específico. O que, de forma atrapalhada, até está acontecendo, mas não de maneira conjunta.
Mais uma vez, voltamos aos itens do início da matéria. A consequência de se ter um esporte cada vez mais elitizado, é excluir justamente a maior parte dos grupos sociais. O futebol é um ambiente masculino e machista, o que afasta completamente o último exemplo. É preciso ter mais inclusão e diversidade nos eventos esportivos, para que o futebol seja no mínimo mais popular, e não um esporte elitizado que vai se distanciando cada vez mais das massas.
