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Jogadores cada vez mais monitorados mostram que a análise de desempenho vem se tornando uma obrigação no futebol. Ainda assim, os clubes brasileiros demoraram para implementar essa técnica, o que faz com que estejamos extremamente atrasados diante dos clubes europeus.
Estudos realizados em 1986 por Franks & Miller revelaram que os treinadores, ao comentarem sobre os acontecimentos de 45 minutos de uma partida de futebol acertaram menos que 45% do que de fato aconteceu. Em outro estudo – Franks (1993) – foi atestado que a memória humana limita nossas lembranças de tudo o que acontece durante uma partida de futebol. O que torna impossível lembrar de tudo o que acontece durante um campeonato por exemplo. Mesmo a observação sendo necessária, ela se mostra limitada por questões biológicas. Por isso, a tecnologia se mostra extremamente necessária na análise de jogos.
Enquanto nossa mente não grava 45 minutos de um jogo, um simples treinamento filmado e explorado com softwares desenvolvidos para uma equipe pode gerar mais de um milhão de informações.
Esse texto toca numa discussão muito importante e compara aspectos que mostram um dos motivos pelo qual o Brasil ficou para trás na última década em relação aos clubes europeus.
Engana-se quem pensa que a análise do jogo é algo fácil de se realizar. Um estudo profundo é muitas vezes desafiador, logo, não adianta tentar analisar dados sem embasamento. É preciso sempre buscar entender o jogo e tudo a sua volta, além é claro, de buscar ferramentas que ajudem nas análises. O material tem que ser fiel e exato, sem deixar-se levar pela emoção de torcedor ou espectador.
O Analista de Desempenho
Apesar de muitas vezes serem vistos como pessoas que apenas usam a tecnologia, o profissional da análise entende muito bem o processo de treino e o jogo, pois não adianta analisar dados sem entender as atividades e o contexto. Conhecer esses aspectos é um pré-requisito para atuar nesta função. Por isso, graduações como Educação Física, Ciências do Esporte e cursos específicos na área são fundamentais para uma boa carreira. E claro, é preciso sempre se atualizar, pois o mundo é dinâmico e cada temporada é um novo desafio, com novas tecnologias e novos detalhes.
Dentro da análise de desempenho, existem duas formas de extrair dados de uma equipe e de seus atletas. Não necessariamente precisa ser uma ou outra, aliás, as duas podem muito bem se complementar.
Análise de Desempenho Qualitativa
A analise qualitativa é basicamente a observação do jogo. Para dar mais precisão, ela costuma acontecer por meio de vídeos, inclusive, alguns gravados apenas com a finalidade de analisar. A partir daí, é possível ter noção da dinâmica do jogo e o comportamento dos times. Com isso, pode-se analisar os acontecimentos passo- a-passo, também por frames.
Análise de Desempenho Quantitativa
Mais conhecida como scout, a análise quantitativa reúne números, transformando os acontecimentos do jogo em estatísticas. Tanto dos jogadores, quanto da equipe.
Quantidade média de profissionais da Análise Tática de Desempenho:
Barcelona: 21 profissionais
Bayern de Munique: 18 profissionais
Spartak Moskou: 14 profissionais
Clubes Brasileiros: 2 profissionais
Esses números revelam uma triste informação. Os clubes europeus, dos mais desenvolvidos aos medianos estão repletos de profissionais analisando suas equipes e as equipes adversárias, já o futebol brasileiro sequer chega perto. Para se ter uma ideia, boa parte dos clubes só inseriram departamentos de análise de desempenho na última década, são poucos como o Grêmio e o Corinthians que já tinham alguma estrutura montada. Vale parabenizar inclusive o Corinthians, que mesmo tendo uma estrutura criada com Vanderlei Luxemburgo, recebeu uma atualização com Tite, o que rendeu diversos títulos, de nacional a mundial.
Gerando esperança, os times com maior suporte financeiro começam a ter mais profissionais nessa área. O Palmeiras atualmente tem entre 10 e 12 analistas. Outro que vem colhendo frutos com a profissionalização é o Flamengo, que mesmo tendo um estilo de jogo intenso em um país com o calendário apertado, consegue manter a equipe em forma e ganhando os principais títulos. Ainda assim, enquanto o Liverpool tem 1 analista por jogador, os outros clubes brasileiros destoam dessa prática.
Em anos de Copa do Mundo, muitos profissionais aproveitam para estudar e aprender com as mais variadas seleções. Um leque de batalhas táticas que geram dados extremamente prazerosos para os analistas, técnicos e amantes do futebol.
Nas seleções, a análise de desempenho é muito presente. Tite por exemplo, ao sair do Corinthians, levou com ele toda sua equipe, inclusive o filho Matheus Bachi, que começou fazendo relatórios e hoje é um dos auxiliares técnicos da seleção brasileira.
Não é questão de copiar o futebol europeu, a questão é se profissionalizar diante da evolução da tecnologia e do próprio futebol.
Um dos motivos da nossa fraca atuação em análise de futebol está atrelado a nossa demora em inseri-la no Brasil. As atitudes de implementar não costumam surgir das diretorias, e sim de profissionais das comissões técnicas, como Eduardo Barroca, que de 2011 a 2013 foi auxiliar técnico no Bahia e criou um Departamento de Análise de Desempenho no clube.
Visto isso, percebe-se o atraso não só no tempo, mas na mentalidade dos dirigentes que comandam as equipes brasileiras. Pelo menos, estamos começando a subir no ranking, ainda assim, é preciso fazer disso uma obrigação, e não um diferencial.