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Todo time tem sua história diferente para contar. Em meio a um esporte tão ligado ao sexo masculino, o Junior Barranquilla se orgulha de ser o primeiro clube fundado por uma mulher: Micaela Lavalle.
Em 1924, o futebol ainda não era tão acessível na Colômbia, aliás, nem se sabe ao certo como o futebol chegou no país. Contudo, desde 1908 já haviam jogos por lá. Perto da primeira Copa do Mundo, existiam apenas duas equipes no país. Naquele tempo, irritada com a falta do esporte em Rebolo, Barranquilla, uma mulher decidiu tomar uma atitude.
Micaela Lavalle Mejía, também conhecida como a mãe do Junior Barranquilla. Isso porque, naquele mesmo ano, ela liderou a criação de um novo clube para representar a sua cidade. Na época, a equipe colombiana levava o nome de Juventude Infantil e foi criada para que seus filhos, familiares e vizinhos pudessem desfrutar do esporte, para eles tão seletivo.
“Ela foi a fundadora da equipe. Sem ela ter formado um pequeno clube para jovens de Barranquilla, certamente hoje não haveria um clube profissional na cidade, nem a equipe mais importante da Costa Norte da Colômbia.” – Paolo Arenas, repórter em Barranquilla.
Em poucos anos, o clube conseguiu alguns feitos importantes para o começo de sua história. Em 1926, dois anos depois de sua fundação, a equipe conseguiu fazer parte do futebol profissional, disputando a terceira divisão e conseguindo logo de cara, o acesso para a segunda. Mais dois anos depois, em 1929, enfim a primeira divisão.
A história do único clube de futebol fundado por uma mulher
Com o acesso para a elite do futebol nacional, o clube alterou seu nome para Juventude Junior. Pouco mais de duas décadas depois, surgiu então o nome mais familiar: Atlético Junior, que em 1948 se tornaria vice-campeão colombiano. O maior feito até então.
No começo da década de 50, o Junior ficou marcado por um futebol bonito, que teve entre os destaques, o galã Heleno de Freitas, um dos brasileiros mais polêmicos da história do futebol. Entretanto, nenhum título. O que aos poucos se tornou um desespero, pois em 1953, terminou em 10º lugar, aumentando uma crise financeira que fez com que a equipe deixasse de competir profissionalmente. Foi durante esse período de amadorismo, que Micaela Lavalle faleceu.
Depois de 13 anos fora da disputa profissional, o Junior voltou com mais destaque do que saiu. Contratou mais três craques botafoguenses: Garrincha, Didi e Quarentinha. A partir daí o clube foi evoluindo aos poucos, e uma década depois, conquistou o Torneio Abertura, seu primeiro título. De lá para cá, o Júnior venceu 9 Campeonatos Colombianos, 2 Copas da Colômbia e uma Superliga da Colômbia.
Micaela Lavalle, a mãe do Junior Barranquilla
Se o Junior é de fato o único clube a ser fundado por uma mulher, não sabemos, pois é difícil chegar a essa conclusão com tantos times pelo mundo, aliás, há quem diga que o Manchester City nasceu de um trabalho feminino. No entanto, o orgulho da torcida do Junior é o maior. A faixa escrita “Obrigado Micaela por este amor tão insuportável” está sempre presente no Estádio Metropolitano, onde o clube manda seus jogos.
É de se admirar a força e a coragem de uma mulher que, em tempos de novidade, mergulhou de cabeça para gerar oportunidades para sua comunidade. Há cantos com o nome de Micaela, bandeiras, um busto e um memorial no estádio. Ela está presente em todas as gerações do time, e assim continuará.
Hoje, o Junior Barranquilla tem torcedoras ilustres como Shakira, mas acima de tudo, tem uma mulher que criou e bancou todas as despesas de uma paixão, por isso, é agradecida todos os dias. Felizmente, mesmo em um meio tão machista, Micaela Lavalle é reconhecida pela própria torcida que gerou.
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