O Jogo Vermelho
Futebol, Futebol Nacional

“O Jogo Vermelho”: Derby Paulista financiou o partido comunista

O dia 13 de outubro de 1945 marcou um amistoso histórico no Brasil. Até hoje retratado em livros, Aldo Rebelo publicou o seu intitulado de: “O Jogo Vermelho”. Por que esse nome? Acompanhe o texto!


Durante a década de 1940, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) tinha a intenção de ser mais ativo nas pautas políticas para ganhar força nas eleições. Fundado em abril de 1945, o Movimento Unificados dos Trabalhadores (MUT) queria juntar diversas categorias para representá-las nas suas reivindicações.

Por isso, nesse mesmo ano, o MUT começa a organizar iniciativas para arrecadar a verba necessária para o PCB. Dessa forma, o maior clássico paulista da época (Palmeiras e Corinthians) ajudou na arrecadação de verba em um amistoso disputado no dia 13 de outubro de 1945.

Disputado no estádio do Pacaembu, a renda dessa partida foi de 114.464 cruzeiros. Valor que entregue ao MUT, financiou a campanha do partido comunista. Embora fosse autônomo, o MUT era uma base sindical do PCB.

Com o dinheiro arrecadado, Prestes foi eleito senador pelo Rio de Janeiro e o PCB elegeu mais 14 deputados federais pelo Brasil. Entre eles, nomes relevantes como: Carlos Marighella e Jorge Amado. Contudo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cancelou e cassou os mandatos após oito meses.

Mas qual a relação de Palmeiras e Corinthians com o PCB?

“O estádio lotado vibra com a disputa do clássico e pelo ambiente de liberdade daquele ano de 1945, que leva ao Pacaembu torcedores, operários, jornalistas, sindicalistas e comunistas, quase em confraternização pela chegada da democracia e das esperanças por ela criadas”, escreve Rebelo em um dos capítulos do livro.

Primeiro que, com o fim da segunda guerra, algumas coisas mudaram por aqui. Entre elas, o nome do Palmeiras, antes chamado de Palestra Itália. Isso porque, o nome fazia alusão aos países do Eixo da guerra. Segundo e por fim, algumas pessoas influenciaram diretamente esse amistoso: Alfredo Trindade (presidente do Corinthians), Leonardo Lotufo (dirigente do Palmeiras), Anthógenes Pompa de Oliveira (membro da Federação Paulista de Futebol) e até Ulysses Guimarães.

O Jogo Vermelho: Palmeiras e Corinthians trocaram farpas!

Palmeiras e Corinthians disputam o amistoso "vermelho". Crédito: Domínio Público
Palmeiras e Corinthians disputando o amistoso “vermelho”. Crédito: Domínio Público

Enganou-se quem pensou que o objetivo em comum deixaria um Derby mais pacífico. Primeiro, que o Palmeiras estava de técnico novo, ou seja, era o primeiro teste de Oswaldo Brandão. Como o jogo seria durante a noite, ele treinou a equipe também de noite para acostumar os jogadores ao sereno, ao frio e aos refletores.

A escalação do Palmeiras foi: Clodô, Caieira e Junqueira, Zezé Procópio, Túlio e Waldemar Fiúme; Gonzalez, Villadoniga, Oswaldinho; Lima IV e Canhotinho.

No lado do Corinthians, o técnnico Alcides de Sousa Aguiar aproveitou o amistoso para preparar a equipe titular para o duelo contra o São Paulo, que decidiria o título estadual no domingo.

A escalação do Corinthians foi: Bino, Domingos da Guia e Rubens; Palmer, Hélio e Aleixo; Cláudio, Milani, Servílio, Ruy e Hércules;

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No primeiro tempo, a equipe alvinegra venceu o jogo por 1 a 0. Mas o clima de revanche era grande, pois o Palmeiras havia perdido o último derby pelo campeonato paulista.

Além disso, a repercussão na imprensa era grande, com direito a cobertura diária de jornais como o “O Esporte”. Todavia, a equipe alviverde voltou melhor no segundo tempo e venceu o clássico por 3 a 1.

 

Daniel Dutra

Jornalista e fundador da PressFut. Também atua no SBT e na Rádio Tupi.
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