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Artilheiro do Brasil na Copa do Mundo de 1938 e inventor do gol de bicicleta, Leônidas da Silva ficou marcado também, por sua afirmação fora de campo como comunista e católico.
Jogador de duas copas do mundo, tendo sido artilheiro em 1938, Leônidas da Silva foi goleador por onde passou. Pela seleção brasileira, possui a marca exclusiva de 37 gols em 37 jogos. Por clubes, atuou por: Vasco, Flamengo, Botafogo, São Cristóvão, Syrio Libanez, Bonsucesso e Peñarol. Mas se consagrou mesmo no São Paulo.
Plástico e criativo, foi o inventor do gol de bicicleta, uma das jogadas mais bonitas do futebol mundial até hoje. Na época, acabou tornando-se um ídolo do país e ganhou o apelido de Diamante Negro. Se aproveitando da popularidade do jogador, a empresa Lacta criou um chocolate com o nome de Diamante Negro, popular até hoje.
Mas além das quatro-linhas, Leônidas ficou marcado por declarações e afirmações sobre seus ideais. Nas eleições de 1945, os jogadores da seleção, concentrados em Caxambu (MG), votaram para as eleições presidenciais em urnas improvisadas. E foi justamente o voto do Diamante Negro que chamou atenção da mídia.
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Leônidas da Silva: “antes de tudo, do povo!”
No dia 4 de dezembro de 1945, todos os 32 jogadores do Brasil votaram para presidente. Leônidas da Silva, votou no comunista Yedo Fiúza, candidato do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Indagado pelo motivo do voto, Leônidas declarou: “Votei no Fiúza porque sou um homem do povo”.
Enquanto isso, outros jogadores da seleção justificaram que não votaram em Fiúza por serem católicos. O que novamente, sobrou para Leônidas, que também era católico. Por isso, alguns jornalistas colocaram o craque contra a parede perguntando se não havia contradição em ser católico e comunista.
“Sou comunista sim senhor. Sou do povo, nasci do povo e me fiz entre o povo, como pois, ficar separado do povo? Se sou católico? Sim, sou católico e pratico a religião. Não vejo incompatibilidade entre uma coisa e outra. Para aceitar os princípios do comunismo não tive que renegar a fé da minha infância. Comunismo não é fascismo e por isso, respeita a liberdade de cada um. O mais é mentira e disso posso dar testemunho com meu próprio caso. Minha fé religiosa não entra em choque com minhas convicções políticas.” – Leônidas da Silva ao declarar seu voto no PCB ao Tribuna Popular em 1945.
Essa declaração de apoio ao PCB ocorreu um ano antes do partido ser considerado novamente como “ilegal”. Fiúza terminou as eleições de 1945 em terceiro lugar. O vencedor, foi Eurico Gaspar Dutra, do PSD (Partido Social Democrático). Contradições à parte, o governo deu início a 19 anos de democracia entre a Ditadura de Vargas e a Ditadura Militar.
1913-2004
Leônidas da Silva, natural do Rio de Janeiro, faleceu em São Paulo, onde mais se destacou. Em decorrência de um mal de Alzheimer, nos deixou em 2004 aos 91 anos. Elegante e de voz tranquila, declarou ao jornalista Orlando Brito: “Como vês, meu jovem, fiz de tudo no mundo do futebol. Inclusive ser fã do príncipe Garrincha e do rei Pelé.”