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Mesmo com os campeonatos estaduais não encerrados por opção dos clubes e federações, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), já discute o início do campeonato nacional. Entre as propostas na mesa, uma agradou a maioria dos clubes: brasileirão em maio, em São Paulo e sem torcida.
O formato teria a mesma quantidade de clubes que o original, entretanto, eles seriam divididos em dois grupos de dez times. Em cada grupo, se classificariam quatro equipes, entrando na fase de mata-mata.
A ideia de escolher São Paulo como sede do campeonato se resume em estrutura. O estado tem a maior quantidade de estádios, hotéis e centros de treinamento do país. Seria praticamente algo como uma Copa São Paulo de Futebol Junior. Mas infelizmente, algumas realidades estão sendo esquecidas.
A utopia do Brasileirão em São Paulo
É verdade que São Paulo tem grandes possibilidades de receber um campeonato, pois tem estrutura para isso. Entre os estádios já pré-definidos na proposta original estão: Morumbi, Allianz Parque, Itaquerão, Vila Belmiro, Barueri, Brinco de Ouro e Bragança Paulista. Além deles, poderíamos acrescentar a Fonte Luminosa, Novelli Junior e alguns outros estádios. Assim, os clubes poderiam jogar com um calendário bem parecido com o original até mesmo pela curta distância entre alguns estádios.
Quem ganharia com isso seriam os times de São Paulo, que poderão continuar treinando em seus centros de treinamento. Já em relação aos estádios, o mínimo que se espera, é que haja uma maior rotatividade para que eles não joguem em suas próprias casas, o que aumentaria ainda mais as vantagens. Entretanto, isso ainda não foi exposto ao público e é uma das curiosidades da proposta.
Os hotéis e centros de treinamento serviriam para abrigar os jogadores, funcionários dos clubes e da confederação e profissionais da mídia, que ficariam confinados em uma espécie de Big Brother Brasileirão. Mas é aí que entra o problema: roupeiro, massagista, jogador, árbitros e todos os outros profissionais também possuem famílias, nós estamos tratando de pessoas, CBF. Por mais que São Paulo seja o epicentro hoje e a tendência é que se livre da doença primeiro, ainda assim, o que a pauta propõe é começar o campeonato agora em maio, o que anula o fato.
A realidade do Covidão-20
Falar de estrutura em meio a uma pandemia e não lembrar de pessoas seria extremamente presunçoso. Aliás, podemos ligar uma coisa na outra. Para uma partida de futebol acontecer, o mínimo de gente trabalhando dentro de um estádio precisa ser em torno de 130 pessoas, o que já é um empecilho. Além disso, a partida é obrigada a contar com ambulâncias e profissionais da saúde, que teriam que trabalhar em um jogo de futebol enquanto acontece uma pandemia pelo mundo.
Pensar numa hipótese como essa é relativizar a quarentena que já está sendo sabotada por autoridades políticas. É extremamente irresponsável separar pessoas de suas famílias para coloca-las confinadas no epicentro da pandemia no Brasil. Isso certamente acarretará em boicote de jogadores da mesma forma que está acontecendo na Alemanha “apenas” por terem voltado aos treinamentos.
Vale lembrar ainda, que por mais que a proposta do brasileirão em São Paulo venha da CBF, os clubes deram o aval para que isso aconteça, até porque eles querem dinheiro. Quem apresentou maior resistência e ainda não concordou com isso foi o Flamengo. Inclusive, o técnico Jorge Jesus nem está no Brasil.
Por tanto, o campeonato que podemos batizar de “Covidão-20” está longe de ser algo que alguém projetou pensando no bem de todos. Por mais que São Paulo possa ser o primeiro estado a apresentar melhoras no futuro, a irresponsabilidade está acontecendo agora, com o campeonato sendo iniciado em maio. Com a má recepção do público, existe a mínima possibilidade de que isso não vá para a frente.
A CBF está discutindo como fazer o Campeonato Brasileiro em 2020. Contudo, a proposta na mesa está longe de ser consciente. Voltar com o futebol no epicentro da pandemia do coronavírus no país, é desumanizar um esporte que precisa de centenas de pessoas para que uma única partida aconteça. O Brasileirão em São Paulo em maio é um erro.