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É melhor fugir do rebaixamento na Espanha do que ser campeão no Brasil? Isso é uma resposta pessoal. Mas podemos responder na perspectiva de Eduardo Coudet. O treinador trocou o Internacional pelo Celta de Vigo da Espanha.
A decisão de Eduardo Coudet pegou muita gente de surpresa. Líder do campeonato brasileiro, nas quartas-de-final da Copa do Brasil e nas Oitavas-de-final da Libertadores, o treinador deixou o cargo no Internacional. Essa bomba pode mudar completamente os rumos da equipe que vinha sendo muito bem treinada. Inclusive, no dia da demissão de Coudet, publiquei uma pequena análise da identidade de seu time. Horas depois, um empate com o Coritiba e uma proposta do Celta de Vigo da Espanha mudou tudo.
Mas o que mexe com o pensamento de muita gente, é a fase dos dois clubes. Enquanto o Internacional lidera o campeonato brasileiro, o Celta de Vigo está na 17ª colocação, brigando para permanecer na elite do futebol espanhol. Podemos dizer que Coudet não chegou a criar um vínculo forte com o clube e com o Brasil. Contudo, seria uma afirmação bem fraca diante dos outros motivos.
A escolha de Coudet
Questão política
Entre tantos motivos, não podemos escapar do principal. Durante os últimos meses, Eduardo Coudet vinha pedindo reforços para a diretoria do Internacional. Como pude citar na análise que fiz anteriormente (clique aqui para ler), o colorado tem um elenco muito limitado para brigar pelo título do brasileirão, que é uma longa competição. O resultado atual, vinha muito da ótima fase de alguns atletas como Thiago Galhardo, que foram valorizados na mão de Coudet. Entretanto, seus desejos por contratações não foram atendidos, o que gerou um desgaste com Rodrigo Caetano, diretor executivo do clube.
Nas declarações do presidente Marcelo Medeiros, a diretoria nunca pensou em substituir o técnico durante a temporada e nem mesmo no ano que vem. O que de certa forma seria a certeza de um trabalho longevo de Coudet. Ou seja, ele teria estabilidade para trabalhar. Todavia, o argentino entendeu que, além de estabilidade, era preciso ter o mínimo de respaldo da direção. O que não aconteceu.
Chance de carreira
Mesmo com o Celta de Vigo brigando na parte de baixo da tabela, o destaque na Espanha pode ser bom para Coudet. Como sabemos, é muito difícil um treinador receber propostas das principais ligas europeias atuando no Brasil. O ponto fora da curva recente foi Jorge Jesus, que já tinha uma carreira consolidada na Europa e uma história no próprio Benfica, que o contratou.
Para facilitar a escolha de Coudet, o idioma argentino é o mesmo que o idioma espanhol. Por isso, sua adaptação será muito mais tranquila. Além disso, caso faça um trabalho de mínimo destaque no Celta, novas oportunidades podem aparecer. Em 2014, o Barcelona contratou Luis Enrique, que se destacou no Celta. Depois, ele venceu a Champions League pelo Barça. Não quer dizer que Coudet repetirá esses passos, mas as chances de chegar em uma equipe de maior escalação da Europa, seja ela qual for, surgirá a partir desses times menores.
Uma tendência para o campeonato
Que o futebol brasileiro é uma eterna rodagem de treinadores não temos dúvidas. Inclusive, divulgamos recentemente um estudo sobre essa rotatividade de técnicos no brasileirão (clique aqui para ler). Entretanto, ainda não estamos tão acostumados a perder treinadores para outras equipes. Normalmente, quando isso acontece, é para outra equipe do próprio campeonato. Todavia, estamos vivendo uma importação de técnicos estrangeiros. Atualmente, já retirando Coduet da lista, o campeonato conta com 5 gringos no comando das equipes.
Por isso, é melhor os dirigentes brasileiros se prepararem para casos como o de Eduardo Coudet. Como dito anteriormente, o idioma espanhol é um facilitador para a adaptação na Europa. Principalmente na Espanha. Se um trabalho for bem feito por aqui, as chances de uma equipe receber ofertas de fora aumentará.
A estabilidade ainda é uma questão?
Por mais que a diretoria tenha “garantido” o cargo do treinador até o final de seu contrato, ainda há muita diferença entre a estabilidade do futebol brasileiro e do futebol europeu. O Internacional teve o dobro de técnicos em relação ao Celta de Vigo nos últimos cinco anos. Se formos comparar esse período, o objetivo do Celta sempre foi se manter na primeira divisão. Já o Internacional disputou final de Copa do Brasil, disputou título brasileiro, libertadores e foi rebaixado uma vez. Mesmo assim, a palavra dos dirigentes não valem quando são ditas em bons momentos.
No final, todos os motivos são políticos
Não podemos esquecer da nova visibilidade, contudo, a decisão de Coudet passa pela valorização de seu trabalho, e não por uma proposta tentadora. No Celta, o treinador ganhará 65 mil dólares (R$ 350 mil) por mês. Ou seja, menos da metade do que recebia no Internacional. E é claro, brigará para não ser rebaixado no Espanhol. Portanto, quando o material oferecido ao profissional não é suficiente para seu trabalho, ele busca um novo rumo. Não adianta quebrar a cabeça sem ter retorno. Prometeram um bom time para disputar títulos. Ele disputou títulos sem um bom time.