A criminalização do VAR. Crédito: Getty Images/Dan Mullan /Staff /WIRED
Futebol, Futebol Nacional

A criminalização do VAR no Brasil

As primeiras temporadas com a utilização do VAR no Brasil já passaram e os erros da arbitragem brasileira continuam. Todavia, por mais que as falhas ocorram por parte dos profissionais, surgem injustos movimentos pela criminalização do VAR.


Após a primeira temporada do VAR no Brasil, havia uma expectativa de melhora no manuseio da ferramenta. Contudo, o campeonato brasileiro de 2020 apresentou piora em relação a temporada de 2019 (clique aqui para ver). Dessa forma, abriu-se brechas para as mais variadas narrativas em relação ao VAR. Principalmente contra.

Para alguns torcedores, o campeonato foi decidido pelo VAR. Desde os campeões até os rebaixados. Entretanto, os erros continuam sendo os mesmos desde o início. Entre eles, destacamos em algumas matérias, a falta de critério da arbitragem. O que gerou muita revolta por parte dos torcedores do Internacional, vice-campeão. No último jogo do campeonato entre Internacional e Corinthians, o árbitro retirou uma marcação de pênalti para o colorado após consultar o VAR. Alguns jogos antes, um pênalti foi marcado da mesma forma para o Flamengo com a confirmação do VAR.

Contudo, nem só de vítima vive o Internacional. O Vasco briga na justiça por um gol ilegal sofrido da equipe colorada. Na derrota por 2 a 0, o primeiro gol estava nitidamente impedido, todavia, a cabine do VAR não conseguiu traçar uma linha de impedimento para confirmar a posição ilegal. Dessa forma, ficaram com a decisão de campo, que deu o gol. Em vídeo publicado pelo GE, a conversa entre a equipe de arbitragem revela o amadorismo na utilização da ferramenta no Brasil.

https://twitter.com/FBITricolor/status/1364949381057806337?s=20

Polêmicas que ajudam na criminalização do VAR

Além de alimentar suposições e teorias da conspiração, a arbitragem de fato prejudicou algumas equipes, até mesmo times que não disputaram muita coisa. Ou seja, mesmo sem intenção, ela prejudicou alguns trabalhos. Por isso, o questionamento quanto a competência da arbitragem aumentou ainda mais. E certamente, a desconfiança também cresceu. O ex-arbitro Sálvio Spinola comentou sobre os erros:

“Está muito claro para mim que o árbitro de campo não está bem preparado, ele está dependente da ferramenta do VAR. O árbitro brasileiro perdeu o conceito do que é falta. O posicionamento, a mecânica de arbitragem, a forma de apitar o jogo… A cartilha foi abandonada em detrimento da ferramenta. Me parece que a CBF capacitou só para o VAR e as horas de treinamento para o vídeo foram muito maiores do que as horas para treinamento de campo de jogo.” – Sálvio Spinola, comentarista de arbitragem da Globo.

É de se concordar com a fala de Sálvio Spinola, contudo, vale destacar que a capacitação para o VAR também não foi das melhores assim como as horas de treinamento de campo de jogo. Isso porque, como vimos no vídeo acima, não há o mínimo preparo.

A tecnologia continua sendo aliada

Mesmo com o Brasil apresentando piora na utilização do VAR, não podemos negar que seu uso é de extrema importância e evolução. Por mais que o desempenho dos árbitros tenha diminuído em campo, o VAR esteve presente para consertar. Ainda assim, é preciso melhorar, pois essa estatística é preocupante para os profissionais. O Brasil possui o dobro de mudanças de decisões dos árbitros em relação ao futebol internacional. Ela é uma forma de avaliar o desempenho deles.

Portanto, a tecnologia é uma aliada. O que precisa mudar, são as decisões como: critério, competência e tudo que uma arbitragem sempre precisou ter. A criminalização do VAR não pode acontecer, precisamos separar o homem da máquina.

 

 

Daniel Dutra

Jornalista e fundador da PressFut. Também atua no SBT e na Rádio Tupi.
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